1. Características Básicas da Dinâmica Populacional e dos Domicílios

Esta linha de pesquisa tratará de temáticas relacionados às características básicas da população e dos domicílios no Brasil, principalmente da distribuição por idade, sexo, étnico racial, de indicadores demográficos e das estruturas domiciliares. A partir de dados do Censo Demográfico 2022 será possível não apenas estimar indicadores demográficos clássicos, tais como razão de sexo da população, razões de dependência, índice de envelhecimento, taxas de fecundidade, mortalidade e migração, como também analisar os impactos das mudanças ocorridas em tais indicadores ao longo das últimas décadas. A interpretação desses indicadores dará subsídios para a elaboração de políticas públicas para diversas áreas, como saúde, educação e previdência social, além de serem insumos fundamentais para projeções populacionais ao longo da década. Além disso, a classificação da população por idade e sexo fornecerá os denominadores para taxas demográficas essenciais, como mortalidade e fecundidade, conferindo maior precisão a indicadores que, na ausência da informação censitária atualizada, estavam sendo calculados com base em estimativas populacionais.

Projetos específicos:

1.1. Estimativas populacionais e domiciliares para pequenas áreas: potencialidades e desafios a partir da divulgação do Censo Demográfico 2022

Pesquisador: Luiz Antonio Chaves de Farias

A crescente demanda por projeções demográficas em diferentes níveis geográficos, como municípios, distritos, bairros e setores censitários, tem impulsionado governos e empresas a buscarem metodologias mais precisas para planejamento estratégico e formulação de políticas públicas. No entanto, a complexidade de estimar populações para pequenas áreas impõe desafios consideráveis, uma vez que eventos raros e erros nos insumos podem distorcer as dinâmicas demográficas. Nesse cenário, a técnica AiBi surge como uma alternativa eficaz para estimativas populacionais, mas sua aplicação exige ajustes metodológicos e revisão conceitual para garantir maior confiabilidade. A divulgação dos dados do Censo Demográfico 2022, aliada aos resultados do Censo de 2010, possibilita uma análise crítica das técnicas de projeção, permitindo avaliar seus limites e potencialidades na escala intramunicipal. Além disso, diferentes métodos, desde abordagens matemáticas simples até modelos estatísticos complexos, são empregados para estimar o crescimento populacional, cada um com vantagens e restrições dependendo do contexto e da disponibilidade de dados. Assim, a pesquisa busca aprimorar a comparabilidade das malhas censitárias e validar metodologias mais robustas para projeções populacionais e domiciliares de longo prazo, contribuindo para um planejamento mais preciso e eficiente.

Questão norteadora: Como o aperfeiçoamento das técnicas de projeção populacional para pequenas áreas, em face da divulgação dos dados do Censo Demográfico 2022, contribui para o melhor norteamento das políticas públicas territoriais?

Palavras-chave: Projeções Demográficas. Pequenas Áreas. Métodos Estatísticos. Malhas Censitárias. Planejamento Urbano.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

1.2. Censos Demográficos e a Distribuição de Renda: Trajetória e Determinantes da Desigualdade e Pobreza no Brasil

Pesquisadores: Pedro Fandiño e Paula Carvalho

Este projeto destina-se à exploração e análise de dados dos censos demográficos que concernem à pobreza monetária e à desigualdade de renda no Brasil em suas dimensões histórica, conjuntural e comparada. O projeto se estrutura em três eixos, que atendem aos seguintes objetivos: 1) analisar a trajetória da desigualdade e pobreza no Brasil desde a década de 1960, quando questões sobre a renda passaram a integrar ininterruptamente os censos; 2) compreender em que medida transformações distributivas observadas nos anos 2000s encontram-se consolidadas; e 3) comparar a trajetória recente da desigualdade e pobreza, e seus principais determinantes, em Brasil e China. Com o primeiro eixo, além de revisão bibliográfica sobre a trajetória histórica, serão discutidas limitações e vantagens associadas à utilização de dados dos censos para compreensão da desigualdade de renda no Brasil. O segundo eixo parte da constatação de que o país passou por profundos avanços distributivos nos anos 2000s; pretende-se compreender, com base em diferentes recortes espaciais possibilitados pelos dados do último censo, em que medida esses avanços foram revertidos devido às crises econômica, política e sanitária observadas entre 2014 e 2022. Com o terceiro eixo, serão investigadas similaridades e divergências nas trajetórias da desigualdade e da pobreza no Brasil e na China ― economias emergentes de dimensões e populações continentais que passaram por significativas transformações distributivas nas últimas décadas.

Questão norteadora: Qual a trajetória e os determinantes da desigualdade de renda e da pobreza monetária no Brasil a partir dos censos demográficos?

Palavras-chave: Desigualdade de Renda. Mercado de Trabalho. Inclusão Social. Análise Histórica. Políticas Redistributivas.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

1.3. Pobreza Multidimensional no Brasil a partir do Censo Demográfico 2022

Pesquisadora: Adriana Stankiewicz Serra

Este projeto de pesquisa tem o objetivo de analisar a pobreza no Brasil em uma abordagem multidimensional, a partir dos microdados da amostra do Censo Demográfico 2022. Embora a perspectiva unidimensional da pobreza, baseada na renda, ainda seja predominante no País, é preciso levar em conta outras carências que limitam as oportunidades de desenvolvimento humano. Dimensões não monetárias, tais como o acesso à educação e ao saneamento básico, são fundamentais para uma vida decente em sociedade. Dado que o Censo fornece informações sobre as condições de vida da população em todos os municípios, o projeto propõe um Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) municipal, com base no método de contagem de privações Alkire-Foster, amplamente usado por organizações internacionais e governos nacionais. Esse método permite avaliar a sobreposição de privações, combinando medidas de incidência e de intensidade da pobreza. Além do cálculo do IPM, a pesquisa visa examinar a intersecção entre as medidas de pobreza monetária e não monetária, bem como a distribuição da pobreza no território nacional, com a elaboração de mapas de pobreza por municípios. Dessa forma, busca-se responder à seguinte questão: qual é o perfil da pobreza multidimensional no Brasil? Ao investigar a pobreza de forma mais abrangente, agregando dimensões não monetárias à análise baseada na renda, espera-se que este estudo contribua para subsidiar políticas públicas mais eficazes, capazes de mitigar privações estruturais e promover condições de vida digna para toda a população.

Questão norteadora: Qual é o perfil da pobreza multidimensional no Brasil?

Palavras-chave: Pobreza Multidimensional. Medidas de Pobreza. Brasil. Municípios.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

1.4. Gênero, Raça e Migração como marcadores sociais da diferença na sociedade brasileira: a partir dos resultados do Censo e de uma perspectiva cinematográfica

Pesquisadora: Paula Alves de Almeida; Coordenadora: Barbara Cobo

Este projeto de pesquisa propõe uma análise interseccional de gênero, raça/cor, status de migrante e lugar de origem na sociedade brasileira, articulando dados do Censo Demográfico 2022 com representações cinematográficas sobre o tema. O estudo parte do pressuposto de que tanto o Censo quanto o cinema oferecem retratos da sociedade, permitindo compreender dinâmicas de exclusão e desigualdade. A pesquisa pretende mapear filmes brasileiros de longa-metragem produzidos entre 2011 e 20Este projeto de pesquisa propõe uma análise interseccional de gênero, raça/cor, status de migrante e lugar de origem na sociedade brasileira, articulando dados do Censo Demográfico 2022 com representações cinematográficas sobre o tema. O estudo parte do pressuposto de que tanto o Censo quanto o cinema oferecem retratos da sociedade, permitindo compreender dinâmicas de exclusão e desigualdade. A pesquisa pretende mapear filmes brasileiros de longa-metragem produzidos entre 2011 e 2022 que abordam a migração, analisando a representação dessas personagens a partir de marcadores sociais como gênero, cor/raça, status migratório e local de origem. Paralelamente, serão trabalhados os dados do Censo Demográfico 2022 para traçar um perfil dos migrantes considerando variáveis como sexo, raça/cor, idade, escolaridade, ocupação, rendimento, país ou estado de origem, e analisar possíveis desigualdades e interseccionalidades. A pesquisa busca responder a questões centrais, como os impactos da migração na empregabilidade e nos rendimentos, e se há uma dupla desvantagem para trabalhadores migrantes que pertencem a grupos historicamente marginalizados, como mulheres, negros e indígenas. Além disso, pretende-se verificar como as desigualdades regionais e a origem dos migrantes—seja nacional ou internacional—influenciam suas condições no mercado de trabalho, especialmente em comparação com trabalhadores não migrantes. Ao integrar abordagens quantitativas e qualitativas, a pesquisa pretende não apenas revelar padrões de desigualdade socioeconômica, mas também explorar como o cinema brasileiro reflete e constrói imaginários sobre a migração, o gênero e a raça/cor. O projeto abordará temas e metas constantes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 8 (Trabalho decente e crescimento econômico) e 10 (redução das desigualdades), uma vez que trata de desigualdades e hierarquias na sociedade brasileira, especialmente no trabalho, mas não somente, contribuindo para um debate mais amplo sobre inclusão, representatividade, eliminação de discriminações e políticas públicas. Para tanto, a pesquisa utilizará os microdados do Censo Demográfico 2022 como perfil demográfico da população (raça/cor, gênero, idade), informações da amostra como dados de escolaridade, mercado de trabalho e todo o bloco de perguntas sobre migração. Além da integração dos dados censitários com análises qualitativas a partir das representações audiovisuais.

Questão norteadora: Analisar os fluxos migratórios internos captados pelo Censo 2022, traçar um perfil dos migrantes na sociedade brasileira (nacionais e internacionais), e observar como o cinema brasileiro representa o migrante e aborda a migração.

Palavras-chave: Interseccionalidades. Migração. Relações de Gênero e Raça/cor. Censo Demográfico 2022. Representatividade.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

1.5. Mensuração das Condições de Vida nos Censos Nacionais de População. O Brasil em perspectiva comparada.

Pesquisador: Flavio Gaitán

A conceitualização e mensuração das condições de vida de pessoas e famílias constitui um tema central das Ciências Sociais e Humanas, bem como um desafio para os formuladores de políticas públicas. Os organismos nacionais de estatística mobilizam, tanto em pesquisas de amostrais domiciliares quanto nos censos nacionais de população, diferentes conceitos e estratégias de operacionalização com o objetivo de captar as múltiplas dimensões do bem-estar de pessoas e famílias, tais como renda, acesso efetivo a serviços básicos ou direitos essenciais, como educação, moradia e saúde. Ao longo do tempo, o modo em que é entendido o bem-estar foi mudando, consequentemente, as formas de mensurá-lo. Nesse contexto, o presente projeto de pesquisa propõe uma análise comparada da evolução dos indicadores de condições de vida nos censos demográficos do Brasil, no período compreendido entre 1980 e 2022. O estudo busca, por um lado, compreender como esses indicadores foram sendo construídos e modificados ao longo do tempo. Por outro lado, pretende-se identificar experiências e boas práticas internacionais de mensuração do bem-estar, que possam eventualmente contribuir para o aperfeiçoamento metodológico da mensuração censitária no Brasil.

Palavras-chave: Mensuração das condições de vida. Operacionalização de Conceitos. Pobreza. Indicadores Multidimensionais. Privação. Políticas Públicas. Inclusão Social.

Questão norteadora:

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: