Colóquio Bourdieu | O campo jornalístico na Europa

 

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No mês de dezembro, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos, em parceria com a ENSP/Fiocruz e o IESP/UERJ, realizou uma série de atividades sobre as contribuições do sociólogo francês Pierre Bourdieu. “Colóquio Bourdieu” acontece entre os dias 05 e 09 do mês nas instituições realizadoras e no Maison de France, por apoio do Consulado da França no Brasil. Com objetivo de resgatar as contribuições do autor para a sociologia e os debates suscitados pela sua obra, o ciclo reúne sete eventos, entre mesas redondas e conferências.

No dia 07, o CBAE recebeu o vice-diretor do Centro Europeu de Sociologia e Ciência Política, Julien Duval, para a palestra “O campo jornalístico na Europa”. Duval possui dois livros, feitos em parceria com Philippe Coulangeon, sobre Bourdieu: “The Routledge Companion to Bourdieu’s ‘Distinction’” e “Trente ans après La Distinction”. Além disso, leciona no Instituto de Estudos Políticos/EHESS e pesquisa jornalismo econômico e cinema. Na atividade, relacionou a obra de Bourdieu e a prática jornalística.

 

Sobre Bourdieu

Bourdieu é um dos autores mais aclamados nos campos da antropologia e da sociologia, embora seus estudos contribuam para diversas áreas do conhecimento. Sua abordagem foca no estudo da dominação e como a estrutura proveniente dela afeta a sociedade. O autor também se destaca por seus estudos no campo da educação, que influenciam profissionais até hoje. Inicialmente, explicou como o processo de dominação era perpetuada em escolas, por meio de reprodução cultural e pelas diferentes “estratégias” escolhidas por grupos sociais distintos – o que legitima desigualdades sociais. Esse processo se repete na mídia, visto que o jornalismo se constitui um dos maiores produtores de capital simbólico.

 

Organização

Os organizadores do ciclo foram Cláudio Cordovil Oliveira (ENSP/Fiocruz), Adalberto Moreira Cardoso, (IESP/UERJ), Carlos Otávio Fiuza Moreira (ENSP/Fiocruz), José Maurício Domingues (IESP/UERJ), José Sergio Leite Lopes (CBAE/UFRJ), Julien Roque, assessor de cooperação científica do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro e Leonardo Castro (ENSP/Fiocruz).

 

 

Diálogos Universitários | A universidade e os desafios da cultura

 

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A cultura brasileira, sob diversas perspectivas, foi tema do segundo debate do ciclo “Diálogos Universitários: Ciência, cultura e universidade”. Realizada no dia 1º de dezembro de 2016, “A universidade e os desafios da cultura brasileira” teve a participação da doutora em Comunicação Liv Sovik e do etnomusicólogo Samuel Araújo. O diretor do CBAE, José Sergio Leite Lopes foi o mediador do encontro.

No ano de 2016, o campo da cultura passou por grande instabilidade no seu aspecto institucional. Como solução para instabilidades econômicas, o Ministério da Cultura, criado em 1985 com a redemocratização, passou por um processo de extinção capitaneado por Michel Temer, quando assumiu a presidência após o afastamento de Dilma Rousseff. Somente após uma grande pressão da classe artística e de movimentos sociais, houve a manutenção a instituição. A ação governamental regressiva demonstra a necessidade de discussão sobre a questão.

Além do contexto conjuntural, a relevância da discussão se referia sobretudo aos desafios colocados para a universidade quanto à importância da preservação e do incentivo às culturas populares ameaçadas; à entrada mais massiva de estudantes cujas famílias nunca tiveram acesso ao ensino superior; ao respeito às identidades de classe, étnicas e de gênero aí envolvidas; à necessidade de uma comunicação com a sociedade que rompa as barreiras da mídia dominante para a expressão da riqueza desta diversidade cultural. Para isso foram convidados Liv Sovik, professora da Escola de Comunicação da UFRJ e especialista em Estudos Culturais, e Samuel Araújo, doutor em musicologia e coordenador do Laboratório de Etnomusicologia da UFRJ.

Realizador de um projeto de que leva a etnomusicologia à moradores da Maré, Araújo defendeu no debate que é importante o abandono de um visão restrita de cultura, evitando estereótipos de grupos sociais. Outra perspectiva muito enfatizada pelo pesquisador é de que o grande problema na cultura brasileira é a relação com o setor privado. Para ele, a monetização é extremamente prejudicial, porque acaba restringindo as trocas culturais.

Formada em Língua Inglesa e Literatura pela Universidade Yale, Sovik seguiu a conversa ressaltando a importância de uma universidade mais aberta para a pluralidade dos novos sujeitos que passaram a integrá-la. Segundo ela, o espaço acadêmico é excludente e intimidador ao se colocar em uma “torre de marfim”. Defendeu também que se buscasse um ambiente de maior diálogo e colaboração. Nesse sentido, destacou a importância do pensamento ativista e afirmou que busca sempre “ser uma intelectual militante”.

Após as considerações dos convidados, José Sergio Leite Lopes, diretor do CBAE, foi responsável por provocar o debate. Dentre as questões levantadas, esteve a conformação do  campo da cultura como um meio de embate político e a elitização das discussões sobre o tema. “Muitas pessoas nem sabiam que existia um Ministério da Cultura antes da extinção dele ou, até mesmo, antes das denúncias feitas pelo ex-ministro, Marcelo Calero”, finalizou Samuel Araújo.

 

 

 

Diálogos Universitários | A universidade e os desafios da ciência

 

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Os desafios para a universidade pública e para a ciência brasileira no contexto atual, com um controle de gastos sendo imposto pelo governo, foram tema de mesa redonda no Colégio Brasileiro de Altos Estudos. “A universidade e os desafios da ciência brasileira” inaugurou o ciclo “Diálogos universitários: Ciência, cultura e universidade”, que pretendia reunir pesquisadores de diversas áreas para debater sobre o futuro do Brasil.

Para essa primeira atividade, realizada no dia 3 de novembro de 2016, foram convidados o doutor em Ciências Biomédicas, Julio Scharfstein, o físico e diretor da Academia Brasileira de Ciências, Luis Davidovitch, a doutora em Ciências Biológicas, Renata Meirelles, e o antropólogo e renomado pesquisador Otávio Velho.

Eles discutiram como o não reconhecimento da educação como investimento interfere no campo, gerando uma precarização. Logo em uma das primeiras falas, Davidovitch lembrou ainda o aspecto “jovial” do ramo da ciência e tecnologia no país.

 

 

“Avanços e desafios na expansão do ensino superior” com John French

 

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Com a participação de John French, Alexandre Fortes e Stephanie Reist, o CBAE realizou a palestra “Avanços e desafios na expansão do ensino superior: reflexões a partir do caso da Baixada Fluminense”, no dia 22 de setembro de 2016. Na conversa, foram abordados o quadro de marginalização da Baixada Fluminense e, ao mesmo tempo, dos impactos da ampliação de instituições universitárias na criação de novas oportunidades educacionais e de profissionalização e no desenvolvimento da região.

Brasilianista, French é doutor em história do Brasil pela Universidade Yale e professor de História na Universidade Duke. Tem interesse por temas relacionados à classe trabalhadora, escravidão, legislação, política, economia e cultura popular na América Latina. É autor dos livros “O ABC dos operários: conflitos e alianças de classe em São Paulo (1900-1950)” e “Afogados em Leis: a CLT e a cultura política dos trabalhadores brasileiros” e, desde 2005, trabalha em uma biografia do ex-presidente Lula.

Diretor do Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu da UFRRJ, Fortes possui doutorado em História pela UNICAMP. Sua área de pesquisa abrange a história do trabalho, história da esquerda e movimentos sociais na América Latina. Atualmente integra a Red Latinoamericana de Historia Global. Já Reist é estudante de doutorado em Estudos Latino-Americanos na Universidade Duke, onde pesquisa a ocupação urbana no Brasil e na Colômbia. Trabalhou no Projeto Raízes Locais, um projeto comunitário gerido pela Associação Terra dos Homens, em Duque de Caxias, analisando a dinâmica centro-periferia, pertencimento, cidadania e direitos sobre a terra.

Os pesquisadores apresentaram o panorama inicial do estudo sobre o tema, fruto da parceria da Universidade Duke (EUA), que French e Reist integram, com o Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, do qual Fortes é o diretor. No projeto “The Cost of Opportunity: Higher Education and Social Mobility in the Baixada Fluminense”, foi organizada uma equipe com estudantes de graduação e pós-graduação de Duke e do IM/UFRRJ para conhecer melhor os efeitos provocados pela expansão universitária na região, inspirados na realidade do IM/UFRRJ, de Nova Iguaçu, que completa dez anos em 2016.

Os convidados destacaram a importância da concretização do espaço universitário para a inserção de novos sujeitos sociais e para uma mudança cultural na região. A Baixada Fluminense é uma localidade muito marginalizada, que sofre com o estigma de violência e  da ausência de garantia um futuro para os seus moradores. Para os pesquisadores, a presença de um polo de ensino superior seria capaz de desenvolver a região e trazer esperanças para os jovens que lá residem.

De acordo com French, esses foram fatores considerados pela Duke University ao escolher o IM para ser contemplado pela iniciativa. Segundo Fortes, há dificuldade dos jovens da localidade acreditarem que é possível o ingresso na universidade, mas que essa realidade vem mudando e o IM acaba por receber muitos jovens que são os primeiros da família a ingressar no Ensino Superior.

Considerada uma instituição historicamente voltada para elite branca sulista, a Universidade Duke passa pela mesma experiência de ter alunos de “primeira geração”. Por conta disso, houve, segundo Reist, uma identificação entre os alunos do projeto vindos de Duke e da UFRRJ.

Com base nisso, French reiterou a necessidade de qualificar seus alunos ao declarar que a ambição social é combustível para rebeldia. A partir disso, eles lutariam por uma melhor qualidade de vida e pela concretização dos sonhos. Nesse contexto, French fez uma comparação com a história do ex-presidente Lula, sobre o qual o historiador escreve biografia. Segundo ele, a partir do ingresso no SENAI, o ex-operário pôde sonhar mais alto. Entrou pro sindicato, comandou mobilizações, até chegar à presidência.

Ao serem questionados pelo público presente, os pesquisadores demonstraram preocupação com a atual situação política do Brasil. Segundo eles, com as mudanças propostas pelo atual governo, o direito ao acesso ao ensino superior e a gratuidade das universidades públicas estão ameaçadas.

 

 

 

Museus e Cidadania: alternativas à crise

 

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Por iniciativa do Museu de Antropologia da Universidade da Columbia Britânica, do Canadá, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos recebeu um seminário sobre o papel dos museus na cidadania. Para isso, reuniu inúmeros pesquisadores da área em duas mesas redondas no dia 19 de agosto de 2016: “Práticas museológicas alternativas na produção de conhecimento” e “Experiências de museologia como prática cidadã”.

O evento consistiu de duas mesas redondas. A primeira abordou as práticas museológicas alternativas na produção de conhecimento; enquanto a segunda mesa chamou-se “Experiências de museologia como prática cidadã”. Ao longo do dia, foram feitas diversas análises sobre o amplo quadro que possibilitou a formação dos museus, bem como que tipo de carência os atingiu no passado e no presente. Ressaltou-se a importância da representação histórica para a sociedade, e como a própria sociedade civil tem ocupado o espaço museológico.

No ato de abertura, os organizadores abriram espaço para a troca de opiniões e reflexões sobre o processo político enfrentado no momento e alternativas à ele. Nuno Porto, curador do Museu de Antropologia da UBC, considerou o momento como decisivo para que os intelectuais brasileiros se posicionassem na luta.

 

Democracia e Questões Capitais: Por que Golpe?

 

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O golpe ocorrido no Brasil foi tema de debate realizado no dia 1º de Junho de 2016 no Colégio Brasileiro de Altos Estudos. “Democracia e Questões Capitais: Por que Golpe?”, contou com a participação de James Green, Fabiano Guilherme Mendes Santos, Jeferson Scabio e Yasmin Motta. O objetivo da conversa era entender por que a situação que o Brasil passava podia ser entendida como um golpe.
Green é professor de história e estudos brasileiros da Universidade de Brown e preside o New England Council on Latin American Studies. Fabiano Santos é professor de Ciência Política do IESP-UERJ e editor associado da Journal of Politics in Latin America. Scabio cursa doutorado em Antropologia Social no PPGAS/UFRJ e é especialista em violência urbana e segurança pública. Yasmin Motta é estudante de Ciências Sociais do IFCS e faz parte do Centro Acadêmico de Filosofia e Ciências Sociais (CAFILCS).
O evento fez parte do ciclo de debates “Democracia e Questões Capitais” organizado pelo PPGAS/UFRJ acerca da conjuntura política do país.

 

 

“Movimento operário nas Astúrias (1937-1977)” com Rubén Vega

 

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A palestra “Movimento operário nas Astúrias” aconteceu no dia 27 de junho de 2016 e encerrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”. Comandado pelo historiador  espanhol Rubén Vega, o evento tratou sobre a luta dos trabalhadores da região das Astúrias. Como debatedoras, foram convidadas Elina Gonçalves e Marta Cioccari.

Formado na Universidad de Oviedo e autor de inúmeros livros sobre o tema, Vega possui especialização no estudo do movimento operário em Astúrias, tanto no período pós-Franco quanto no de desindustrialização da cidade. Dirige o  “Archivo de Fuentes Orales para la Historia Social de Astúrias” (AFOHSA), responsável por recolher, conservar e difundir a experiência dos trabalhadores da cidade.

As debatedoras foram Elina Gonçalves e Marta Cioccari. A antropóloga Elina Gonçalves, além da ampla experiência de estudo no campo de trabalho e resistência operária, dirige o Arquivo de Memória Operário do Rio de Janeiro da UFRJ. Cioccari é jornalista e antropóloga, e atualmente é pesquisadora associada ao Programa de Memória dos Movimentos Sociais (MEMOV), do CBAE, e professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

O ciclo “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas” foi coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ).

 

 

Exibição do documentário “O Espírito de 45” com José Ricardo Ramalho

 

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O Colégio Brasileiro de Altos Estudos exibiu na segunda-feira, dia 13/06, o filme “O Espírito de 45”. O documentário aborda a ascensão do Partido Trabalhista na Inglaterra, no período pós-Segunda Guerra. Premiado com a Palma de Ouro em Cannes em 2016, o diretor Ken Loach deixa explícita a preocupação com o proletariado em sua carreira cinematográfica.

José Ricardo Ramalho, professor de Sociologia da UFRJ, comentou o filme. Especialista no campo da sociologia do trabalho e relações de poder, Ramalho e Loach têm em comum o grande interesse pela classe operária. Em “Estado Patrão e Luta Operária”, publicado em 1989, Ramalho escreveu sobre a greve dos funcionários da Fábrica Nacional de Motores. O movimento alcançou relevância e caracterizou-se como a principal a luta política da época.

O evento fez parte do ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”, coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/ UFRJ.

 

 

“A migração Nordeste-São Paulo e a memória dos trabalhadores do ABC

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A palestra “A migração Nordeste-São Paulo e a memória dos trabalhadores do ABC paulista” aconteceu dia 06 de junho de 2016 e fez parte do ciclo “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”. Com Marilda Menezes e Paulo Fontes, como debatedor, a temática da migração foi o assunto principal.

Marilda Menezes é formada em Ciências Sociais pela Fundação Santo André (FSA) e doutora pela Universidade de Manchester. Criadora da Revista Travessia, Menezes tem bastante proximidade com o tema, tendo inúmeros trabalhos publicados com esse assunto, como o livro “Redes e enredos nas trilhas dos migrantes”.  

Paulo Fontes é pesquisador do CPDOC/FGV, bacharel em História pela USP e doutor pela UNICAMP. Também é autor do premiado livro “Um Nordeste em São Paulo: Trabalhadores migrantes em São Miguel Paulista: 1945-66”.

O ciclo “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas” foi coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ).

 

“Conflitos e repressão no campo no Rio de Janeiro” com Leonilde

 

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A palestra “Conflitos e repressão no campo no Rio de Janeiro (1946-1988)” aconteceu dia 30 de maio de 2016 e fez parte do ciclo “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”. A discussão girou em torno das tensões por conta da questão agrária brasileira e do movimento campesino e teve Leonilde Medeiros como palestrante e Marta Ciocciari como debatedora.

Medeiros acentua que adotou como “conflito” o que os documentos sindicais, usados como fonte principal, diagnosticavam dessa maneira. Esses relatórios, datados da década de 1970, demonstram a opção da mobilização pela articulação silenciosa, que consistiu de denúncias e que, por sua vez, indicavam que mais material poderia ser encontrado nos locais onde a repressão estava presente. O Arquivo Nacional também foi uma importante fonte de pesquisa.

Leonilde Medeiros é doutora em Ciências Sociais pela Unicamp e coordenadora do Núcleo de Pesquisa, Documentação e Referência sobre Movimentos Sociais e Políticos do CPDA/UFRRJ, Medeiros tem um histórico de envolvimento com a questão agrária, tanto na parte acadêmica quanto na prática. Durante os anos 90, fez parte da formação do Departamento Nacional dos Trabalhadores Rurais da CUT.

Em 2014, colaborou na pesquisa e na redação do relatório da Comissão Camponesa da Verdade (CCV), que descobriu novas informações sobre a organização dos trabalhadores do campo e as formas de violência que sofreram. Para Medeiros, a omissão do Estado no caso resultou na invisibilização das violações dos Direitos Humanos ocorridas, cujo ápice foi no período ditatorial. Entre as descobertas, a morte de 13 pessoas não constava no relatório da CNV. A partir dessa experiência, foi construída a temática de “Conflitos e repressão no campo no Rio de Janeiro (1946-1988)”.

Marta Cioccari, que foi convidada para promover o debate, é antropóloga e jornalista. Atuou na Comissão Nacional da Verdade como pesquisadora do PNUD e é associada ao Programa de Memória dos Movimentos Sociais (MEMOV). Também é co-autora do livro “Retrato da Repressão Política no Campo: Brasil 1962-1985”

O ciclo “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas” foi coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ).