Durante o primeiro semestre de 2016 o Colégio Brasileiro de Altos Estudos realizou o Ciclo de Palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: história e perspectivas”. A unidade se estabeleceu pela preocupação com a construção de diferentes questões públicas. Estas se ligavam a um época de investida de forças políticas conservadoras, visando a restauração do domínio de frações hegemônicas das classes dominantes brasileiras, após um período de avanços sociais significativos.
Em consequência, procurou-se organizar palestras sobre os processos históricos que resultaram em questões sociais recentes assim como anteriores. Dentre as tomadas como recentes estão por exemplo a palestra de Caio França sobre um balanço das políticas públicas para o Brasil rural nos últimos 13 anos; a de Ângela Castro Gomes a respeito do recente combate ao trabalho análogo ao de escravo no Brasil; a de Adalberto Cardoso a respeito dos desafios atuais da sociedade do trabalho no Brasil; ou ainda a de Maria Emília Pacheco sobre os movimentos sociais e o Conselho de Segurança Alimentar (CONSEA) e a de Adriana Vianna e Juliana Farias sobre novos movimentos contra a violência de Estado.
Dentre as que privilegiavam períodos históricos anteriores (mais ou menos longínquos) estão as palestras de Afrânio Garcia Jr. sobre a importância de um projeto de pesquisa envolvendo uma etnografia coletiva da mudança social no Nordeste nos anos 70, um episódio significativo na gênese da pós-graduação em Antropologia Social no Brasil; a de Ângela Alonso sobre o abolicionismo como movimento social (e suas recorrências com processos críticos de confrontos que ocorrem nos anos de 1960 ou nos anos 2000); a de Leonilde Medeiros e a repressão no campo entre 1946 e 1988 apresentando seus resultados de pesquisa para a Comissão Estadual da Verdade; e a de Marilda Menezes sobre a memória dos trabalhadores do ABC paulista de origem nordestina.
Além da comparação entre passado e presente, foi utilizada a comparação entre países. Christian Laval apresentou movimentos e formas de viver alternativos ao neoliberalismo com base na experiência francesa dos últimos anos; José Ricardo Ramalho debateu o filme “O Espírito de 45” de Ken Loach, depois de sua exibição — documentário que trata da construção do Estado social inglês favorecido com o ímpeto da luta antifascista durante a guerra e a vitória em 1945 do Partido Trabalhista; e Ruben Vega apresentou a sua experiência de pesquisa sobre a memória dos mineiros, metalúrgicos e operários navais das Astúrias, na Espanha, durante o regime franquista.
Finalmente, além da comparação histórica e espacial, o ciclo também apostava no cruzamento das experiências de trabalhadores na cidade e trabalhadores no campo, geralmente tratadas por especialistas distintos e com pouca comunicação entre si, de forma estanque e não simultânea.
Programação
28/03 –
11/04 –
18/04 –
02/05 –
09/05 –
16/05 –
23/05 –
30/05 –
06/06 –
13/06 –
27/06 –