O Colégio Brasileiro de Altos Estudos se comprometeu em participar do Grupo de Reconfiguração do Arquivo Histórico do Museu Nacional, em reunião realizada ontem (12). Iniciativa da Seção de Memória e Arquivo (SEMEAR) do Museu Nacional, o grupo também conta com integrantes da FIOCRUZ, do IBICT, do Arquivo Nacional e do Sistema de Arquivos (SIARQ) da UFRJ.
Como reafirmado em nota recente, o CBAE tem atuação muito ligada à memória da pesquisa acadêmica. O Programa de Memória dos Movimentos Sociais (Memov) do CBAE trabalha com parte do acervo de pesquisadores do Museu Nacional e do SEMEAR.
O acervo físico do SEMEAR era um acervo riquíssimo para a história da ciência, das diversas disciplinas, e também para a própria história do Brasil. Além dos importantes acervos de pesquisas e de pesquisadores, e dos institucionais, o arquivo contava com preciosidades como uma coleção de fotografias de Marc Ferrez e o conjunto de material mais robusto sobre a pesquisadora brasileira e feminista Bertha Lutz. Uma das principais lutadoras pelo voto feminino no Brasil, possui relevantes contribuições na área de anfíbios. Este material arquivístico, inclusive, concorre como Registro da Memória do Mundo, da UNESCO, em conjunto com outros arquivos brasileiros.
A missão desse grupo é formar uma força tarefa para fazer um levantamento do que foi perdido – entre materiais de pesquisa, documentos institucionais, acervos de pesquisadores – e buscar reconstituir o que for possível, como uma representação do que foi o arquivo físico da SEMEAR. Esse trabalho perpassa pelo resgate de cópias dos documentos originais que tenham os diversos cientistas que utilizaram o acervo do Museu Nacional para suas pesquisas e o tratamento dos documentos digitais, para sua publicização na plataforma Mnemosine da UFRJ. Os desafios são grandes em realizar essa missão para a qual serão necessários não apenas esforços de trabalho, mas recursos estruturais.
José Sergio Leite Lopes, diretor do CBAE e professor da Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional, acredita que a atuação desse grupo é muito importante para a ciência no Brasil. “Essa iniciativa envolve o trabalho e o engajamento pessoal de diferentes especialistas em um contexto interinstitucional de forte solidariedade com o incêndio ocorrido no Museu Nacional”, afirmou o antropólogo.
Grupo de Reconfiguração do Arquivo Histórico do Museu Nacional se reuniu na manhã dessa quarta-feira.