Foto: Bira Soares/FCC
Na sexta-feira, dia 28 de junho, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos retomou os debates do Ciclo Memória, Movimentos Sociais e Direitos Humanos com a mesa “Mulheres e ditadura: interseções entre gênero, Estado e violência”.
Nos últimos anos, o debate sobre o protagonismo das mulheres nas lutas por memória e Direitos Humanos tem assumido renovado interesse. A sessão colocou em questão o papel das mulheres tanto nas lutas de resistência contra a ditadura, como nas lutas pela localização de familiares desaparecidos e nos movimentos pela liberdade dos presos políticos e pela Anistia, sob o impacto da segunda onda feminista em meados dos anos 1970.
Ao mesmo tempo, buscou discutir as inúmeras particularidades de gênero nas violações contra as mulheres, desde a violência sexual como prática recorrente nas denúncias das torturas até as dimensões distintas com que a ditadura atravessa os relatos de inúmeras mulheres militantes em experiências como a prisão, a clandestinidade e o exílio, a maternidade e a presença ou separação dos filhos, sexualidade, estigmas e moralidades, entre outros temas.
Participaram do encontro Ana Bursztyn Miranda (Coletivo RJ), Glenda Mezarobba (FAPESP), Jessie Jane Vieira (IH/UFRJ) e San Romanelli (IESP).
Ana Bursztyn Miranda é farmacêutica bioquímica graduada pela UFRJ, sanitarista formada pela ENSP/Fiocruz e mestre em Ciência da Informação pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT/CNPq). Ex-presa política, é militante do Coletivo RJ Memória, Verdade e Justiça e do Ocupa DOPS e contribuiu com seu relato para diversas pesquisas acadêmicas e documentários.
Glenda Mezarobba participou da elaboração do anteprojeto de lei que deu origem à Comissão Nacional da Verdade, foi consultora da Comissão e foi a responsável pelo capítulo que trata de violência sexual, violência de gênero e contra crianças e adolescentes no Relatório Final. Mestre e doutora em Ciência Política pela USP e pós-doutora pela Unicamp, desde 2010 atua na área de fomento à ciência, tecnologia e inovação na Fapesp, onde atualmente ocupa o cargo de Humanities editor da Revista Fapesp.
Jessie Jane Vieira de Sousa é graduada em História pela UFF, com mestrado pela Unicamp, doutorado em História Social pela UFRJ e pós-doutorado pelo Instituto de Desarrollo Económico y Social (IDES, Argentina). Ex-presa política, foi diretora do APERJ, é professora do Instituto de História da UFRJ na área de História Moderna e Contemporânea e participa do movimento Ocupa DOPS.
San Romanelli Assumpção foi assessora e pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e é colaboradora do Centro de Referência Memórias Reveladas. Graduada em Ciências Sociais pela USP, com mestrado e doutorado em Ciência Política na mesma universidade. Atualmente é professora do IESP/UERJ, nas áreas de teorias normativas da justiça e da democracia. Desde o início de 2016, colabora também com a Comissão Nacional da Escravidão Negra.
O ciclo “Memória, Movimentos Sociais e Direitos Humanos” foi coordenado pelo antropólogo José Sérgio Leite Lopes, junto aos pesquisadores Felipe Magaldi, Lucas Pedretti, Luciana Lombardo e Virna Plastino.