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Palestras Desastres e Mudanças

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Mudanças Climáticas, ameaças

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“Mudanças climáticas, ameaças naturais e riscos socioambientais: como enfrentar?” (Ana Luiza Coelho Netto)

A terceira aula do módulo I do curso, realizada dia 02 de setembro, foi ministrada por Ana Luiza Coelho Netto, professora titular do Departamento de Geografia do IGEO/UFRJ e coordenadora do GEOHECO – Laboratório de Geo-Hidroecologia e Gestão de Riscos, na mesma instituição.

Ana Luiza mostrou que as condições geográficas do estado do Rio de Janeiro o tornam suscetível a episódios de chuvas torrenciais, sobretudo na região serrana. No entanto, interferências antrópicas como o desmatamento das áreas florestais vêm causando profundas mudanças no ciclo hidrológico, concentrando as chuvas sobretudo no verão e tornando-as mais intensas.

Diante desse cenário, muitos consideram os desastres decorrentes de chuvas extremas, registrados desde o século passado, como “naturais”, como se fossem tragédias inevitáveis. Porém, ao observar o contexto em que tais desastres acontecem, vemos que fenômenos extremos tendem a se tornar calamidades quando as populações suscetíveis se veem desprovidas dos meios de se preparar para as intempéries. Nesse sentido, é verdade que os fenômenos extremos são naturais, mas os desastres são socioambientais, pois a magnitude das consequências sobre as populações afetadas é determinada pelo contexto socio-espacial em que tais grupos se inserem.

Para ilustrar tal afirmação, Ana Luiza apresentou o caso da catástrofe de Nova Friburgo, ocorrida em 2011, região onde desde então ela vem desenvolvendo, junto a outros pesquisadores e a população local, o projeto chamado “REGER-CD: Rede de Gestão de Riscos da Bacia do Córrego Dantas”. A rede, implementada em caráter piloto na bacia que dá nome ao projeto, reúne agentes públicos, privados e comunitários na busca da redução dos riscos geo-hidrológicos e na criação de uma cultura de convivência com as chuvas fortes. O trabalho é desenvolvido com foco no protagonismo e autonomia das comunidades afetadas, para que elas participem ativamente do planejamento de políticas públicas e da gestão territorial na região.

O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada por Ana Luiza, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di