Foto: Bira Soares/ FCC
No dia 07 de junho foi realizada a sessão “Violações aos povos indígenas na ditadura: entre o genocídio e o etnocídio”, como parte do ciclo “Memória, Movimentos Sociais e Direitos Humanos.
Por ação direta ou omissão dos agentes governamentais, o Estado brasileiro perpetrou ao longo da história sucessivos massacres aos povos indígenas. Durante a ditadura militar as violações dos direitos indígenas se expressaram na forma de esbulho de suas terras, remoções forçadas, contágio por doenças, prisões, torturas e maus tratos. Como resultado das reivindicações dos movimentos indígenas e dos pesquisadores, a Comissão Nacional da Verdade registrou em seu relatório final a morte e o desaparecimento de 8.350 indígenas. Ainda que a inclusão deste tema no relatório represente um avanço, as medidas de memória, verdade, justiça e reparação sobre essas violações são limitadas, especialmente no que diz respeito ao reconhecimento do caráter coletivo destas violências. Para refletir sobre estas e outras questões, foram recebidos os seguintes convidados:
Douglas Krenak, liderança indígena, jornalista. Presidiu o Conselho dos Povos Indígenas de Minas Gerais (2005-2009). Em 2017, uma delegação de organizações indígenas e indigenistas apresentaram denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) sobre as violações do governo brasileiro contra os direitos dos povos indígenas e ele relatou os impactos do rompimento da barragem de Fundão sobre seu povo.
Gustavo Simi, graduado e mestre em História pela PUC-Rio, e doutorando em História Social da Cultura pela mesma instituição, onde desenvolve pesquisa sobre as violações aos povos indígenas na ditadura. Foi pesquisador do ISER e é militante da Campanha Ocupa DOPS.
Iara Ferraz, antropóloga, com mestrado em Antropologia Social da Universidade de São Paulo e doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ. É pesquisadora associada ao Programa de Memória dos Movimentos Sociais do Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ. Através de organizações não-governamentais vem prestando assessoria a grupos indígenas e ribeirinhos do sudeste do Pará, com vistas ao seu fortalecimento nas relações e negociações com grandes empresas estatais e privadas.
Orlando Calheiros, antropólogo, com mestrado e doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da UFRJ, onde coordenou o Grupo de Estudos da Ciência e Tecnologia (GEACT) e permanece como pesquisador do Núcleo de Antropologia Simétrica (NAnSi) e do Núcleo de Conflitos Armados, Massacres e Genocídios (UNIFESP). Trabalhou como Pesquisador Sênior do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), coordenando o Grupo de Trabalho Araguaia na Comissão Nacional da Verdade (CNV).
O ciclo “Memória, Movimentos Sociais e Direitos Humanos” foi coordenado pelo antropólogo José Sérgio Leite Lopes, junto aos pesquisadores Felipe Magaldi, Lucas Pedretti, Luciana Lombardo e Virna Plastino.