“Etnografias individuais e etnografias coletivas” com Afrânio Garcia

 

2016.03.28Afrnio

 

O trabalho realizado no projeto “Emprego e mudança social no Nordeste” foi tema de palestra no dia 28 de março de 2016. O economista Afrânio Garcia Jr. foi o convidado principal do evento “Etnografias individuais e etnografias coletivas: a contribuição científica e institucional do projeto de ‘Emprego e mudança social no Nordeste’”.

Afrânio Garcia Jr, antropólogo, doutor pelo Museu Nacional-UFRJ, é professor da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales de Paris (EHESS). Foi diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo e atualmente coordena o Grupo de Reflexão sobre o Brasil Contemporâneo, ambos na mesma EHESS. É pesquisador associado ao CBAE.

No projeto, foi experienciada a construção científica coletiva com diversos pesquisadores fazendo parte. Tamanha foi sua amplitude que havia membros de outros estados empenhados na pesquisa.

A atividade integrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”, coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/ UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/ UFRJ.

 

 

Ciclo de Palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos,

 

roteiro de palestras

 

Durante o primeiro semestre de 2016 o Colégio Brasileiro de Altos Estudos realizou o Ciclo de Palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: história e perspectivas”. A unidade se estabeleceu pela preocupação com a construção de diferentes questões públicas. Estas se ligavam a um época de investida de forças políticas conservadoras, visando a restauração do domínio de frações hegemônicas das classes dominantes brasileiras, após um período de avanços sociais significativos.

Em consequência, procurou-se organizar palestras sobre os processos históricos que resultaram em questões sociais recentes assim como anteriores. Dentre as tomadas como recentes estão por exemplo a palestra de Caio França sobre um balanço das políticas públicas para o Brasil rural nos últimos 13 anos; a de Ângela Castro Gomes a respeito do recente combate ao trabalho análogo ao de escravo no Brasil; a de Adalberto Cardoso a respeito dos desafios atuais da sociedade do trabalho no Brasil; ou ainda a de Maria Emília Pacheco sobre os movimentos sociais e o Conselho de Segurança Alimentar (CONSEA) e a de Adriana Vianna e Juliana Farias sobre novos movimentos contra a violência de Estado.

Dentre as que privilegiavam períodos históricos anteriores (mais ou menos longínquos) estão as palestras de Afrânio Garcia Jr. sobre a importância de um projeto de pesquisa envolvendo uma etnografia coletiva da mudança social no Nordeste nos anos 70, um episódio significativo na gênese da pós-graduação em Antropologia Social no Brasil; a de Ângela Alonso sobre o abolicionismo como movimento social (e suas recorrências com processos críticos de confrontos que ocorrem nos anos de 1960 ou nos anos 2000); a de Leonilde Medeiros e a repressão no campo entre 1946 e 1988 apresentando seus resultados de pesquisa para a Comissão Estadual da Verdade; e a de Marilda Menezes sobre a memória dos trabalhadores do ABC paulista de origem nordestina.

Além da comparação entre passado e presente, foi utilizada a comparação entre países. Christian Laval apresentou movimentos e formas de viver alternativos ao neoliberalismo com base na experiência francesa dos últimos anos; José Ricardo Ramalho debateu o filme “O Espírito de 45” de Ken Loach, depois de sua exibição —  documentário que trata da construção do Estado social inglês favorecido com o ímpeto da luta antifascista durante a guerra e a vitória em 1945 do Partido Trabalhista; e Ruben Vega apresentou a sua experiência de pesquisa sobre a memória dos mineiros, metalúrgicos e operários navais das Astúrias, na Espanha, durante o regime franquista.

Finalmente, além da comparação histórica e espacial, o ciclo também apostava no cruzamento das experiências de trabalhadores na cidade e trabalhadores no campo, geralmente tratadas por especialistas distintos e com pouca comunicação entre si, de forma estanque e não simultânea.

Programação

28/03 –

11/04 –

18/04 –

02/05 –

09/05 –

16/05 – 

23/05 – 

30/05 – 

06/06 – 

13/06 – 

27/06 –  

“O livro ‘Quem dará o Golpe no Brasil’ 54 anos depois visto de hoje”

 

2016.04.13 Wanderley Guilherme dos Santos 6

 

A atividade inaugural do Colégio Brasileiro de Altos Estudos do ano de 2016 foi marcada pela lembrança de um livro feito em 1962 que fazia uma análise de conjuntura que apontava quais seriam os responsáveis de um possível golpe de Estado. Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político e autor de “Quem dará o golpe no Brasil?”, falou sobre o livro e fez uma comparação entre o período pré-ditatorial e a conjuntura pré-impeachment de Dilma Rousseff. A historiadora Dulce Pandolfi compôs a mesa do debate.

Realizada em 13 de abril de 2016, “O livro ‘Quem dará o golpe no Brasil?’ 54 anos depois visto de hoje” tinha como principal objetivo revisitar os anos 60. Através da lembrança das considerações de Guilherme dos Santos, em 1962 – quando ele tinha 27 anos -, poderia também se discutir a complicada situação do ano de 2016.

Wanderley Guilherme dos Santos é graduado em filosofia pela UFRJ e doutor em ciência política pela Universidade Stanford (EUA) e seus estudos se direcionam para a temática da Teoria da Democracia. Por conta de trabalhos como o precoce livro de 1962, é considerado um dos maiores especialistas brasileiros na área.

Na palestra, o pesquisador começou fazendo uma comparação entre a situação política do Brasil pré-impeachment com o pré-ditadura. Naquela altura, evitou fazer prognósticos, como fez em “Quem dará o golpe no Brasil?”, ressaltando a imprevisibilidade. No entanto, fez uma análise conjuntural do momento em que o país vivia.

Destacou, inicialmente, dois pontos divergentes entre os períodos: o primeiro ponto foi a ausência de um envolvimento partidário militar no processo de impedimento de Dilma, já o segundo era relativo a falta de uma base política representativa contrária ao golpe militar. Segundo Wanderley, “a sociedade, majoritariamente, não estava compartilhando dos conflitos e a consequência foi que em 48 horas se deu um golpe de Estado sem nenhuma reação significativa”. Em comparação com a sociedade civil do início dos anos 60, a atual apresenta uma complexa rede de associações de todos os tipos que cresceu desde os anos 80 e que, segundo ele, certamente tornará a luta contra o golpe de 2016 mais renhida, espalhada e imprevisível.

Ao focar no Brasil mais recente, o pesquisador afirmou que Dilma assumiu o governo já com grandes desafios desestabilizadores. A escassez de recursos e o desencadeamento do conflito distributivo davam o tom e, para isso, foram seguidas duas estratégias divergentes: expansão das políticas sociais e medidas de austeridade. Junto a isso, a falta de habilidade política da presidenta e a eleição daquela que Wanderley considerou “uma das mais medíocres e corruptas” Câmara de Deputados da história do Brasil.

Dulce Pandolfi, doutora em História pela UFF, foi convidada como debatedora do evento e levantou questões acerca da publicação de 62. Pandolfi lembrou que dos Santos estava certo de que aconteceria um golpe, ainda que parte da esquerda brasileira não acreditasse. A doutora destaca, principalmente, a aposta do autor de que seriam os movimentos sociais que lutariam pela redemocratização do país. Pandolfi concluiu questionando: e dessa vez, haverá luta caso haja golpe?

Apesar do otimismo que Wanderley dizia conservar, cerca de um mês depois, o processo de Impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff seria aberto e, no dia 29 de agosto de 2016, ela seria definitivamente afastada. Com algumas atitudes do governo Temer, disse, em entrevista ao portal Sul21, que o considerava pior que os golpistas militares.

 

 

“As traduções na Europa moderna”, com Roger Chartier

 

2015.08.17 Roger Chartier 1

 

No dia 17 de agosto de 2015, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos recebeu o historiador francês Roger Chartier para a conferência “As traduções na Europa moderna (séculos XVI-XVIII). Mobilidade dos textos e horizontes de expectativas: alguns exemplos”.

Professor do Collège de France e da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), Chartier é especialista em História dos Livros e da Leitura da Europa. A atividade foi organizada em colaboração com o Laboratório de Pesquisa em História das Práticas Letradas e com o apoio do Programa de Pós-graduação em História Social da UFRJ.

 

 

Debate “Conflitos, visibilidades e territórios: a participação social

 

2015.06.19 Conflitos visibilidades e territorios 1

 

No dia 19 de Junho de 2015, aconteceu o debate “Conflitos, visibilidades e territórios: a participação social na perspectiva dos povos e comunidades tradicionais” entre Alfredo Wagner de Almeida, André Dumans Guedes e José Carlos Matos, no CBAE.

Doutor em Antropologia Social pela UFRJ, Wagner é coordenador do projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), da Universidade Estadual do Amazonas. O PNSCA incentiva a realização da autocartografia, como forma de entender o processo de ocupação da região. Desta forma, fortalece movimentos sociais e atua na formação de novos pesquisadores e de lideranças para esses movimentos.

Guedes também possui doutorado em Antropologia Social pela UFRJ e é professor do Departamento de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais da UFF. Já Matos é doutor em Ciências Sociais pela UERJ e pesquisador ligado ao Museu Nacional. Os dois integraram o projeto Movimentos Sociais e Esfera Pública na área de comunidades tradicionais e foram responsáveis pelo capítulo no livro acerca do tema, juntamente com Marcelo Moura Mello.

 

Ciclo Movimentos Sociais e Esfera Pública

 

MSEP

 

No primeiro semestre de 2015 foi realizado o ciclo de debates Movimentos Sociais e Esfera Pública que teve como base os frutos do projeto de pesquisa “Movimentos Sociais e Esfera Pública – Impactos e desafios da participação da sociedade civil na formulação e implementação de políticas governamentais”.

Esse projeto se propunha analisar as relações entre alguns movimentos sociais e o Estado em diferentes instâncias, entendendo as experiências de participação e o significado que tinham para os movimentos. Realizado entre 2013 e novembro de 2014, teve como fruto o livro “Movimentos Sociais e Esfera Pública: O Mundo da Participação”.

No ciclo, inserido dentro de um curso, a proposta foi discutir os resultados da investigação e promover um novo diálogo com a academia. Com esse objetivo, reunimos os pesquisadores do projeto, especialistas nos temas convidados, membros de diversos movimentos e alunos, para discutir as potencialidades e limites que estudos como esse apresentam.

 

PROGRAMAÇÃO

17/04 – “Movimentos sindicais urbanos”, com José Ricardo Ramalho, Marina Cordeiro e Eduardo Ângelo da Silva

24/04 – “Movimentos sociais rurais”, com John Comerford, Luciana Almeida e Moacir

Palmeira

08/05 – “Movimentos indígenas”, com Iara Ferraz, Indira Caballero e Tonico Benitez

15/05 – “Movimento negro”, com Sonia Giacomini e Paulo Terra

22/05 – “Movimentos de Mulheres”, com Anelise Gutterez, Adriana Vianna e Silvia Aguião

29/05 – “Movimentos LGBT”, com Silvia Aguião, Adriana Vianna e Anelise Gutterez

05/06 – “Movimentos juventude”, com Regina Novaes e Rosilene Alvim

12/06 – “Populações tradicionais”, com André Dumans Guedes, José Carlos Matos Pereira e Marcelo Moura Mello

19/06 – “Movimentos urbanos”, com Dulce Pandolfi e Wecisley Ribeiro

 

Lançamento do Livro “Alegria e Coragem: ensaios sobre a vida e a

 

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No dia 2 de outubro de 2014, aconteceu no Colégio Brasileiro de Altos Estudos o lançamento do livro “Alegria e Coragem: ensaios sobre a vida e a resistência nos espaços desertificados do semiárido” da pesquisadora Peregrina Capelo. Na atividade, Capelo apresentou a publicação, exibiu o vídeo “Onde Nascem as Pedras” e realizou um debate com os presentes.

Com graduação, mestrado e doutora em Sociologia pela UFC, Peregrina Capelo é diretora do  Laboratório de Antropologia e Imagem (LAI) da instituição. O LAI tem como enfoque o estudo da imagem pelo olhar da antropologia, além da produção de vídeos e de documentários.

O livro “Alegria e Coragem” surgiu com base nesse diálogo e buscou retratar, através de fotografias, a vida e a resistência dos moradores do semiárido brasileiro. Além disso, houve a exibição do documentário “Onde Nascem as Pedras”, também produzido por Capelo a partir do LAI, que segue a mesma proposta da publicação.

O evento foi realizado em parceria com o NuAP e NuAT, ambos do PPGAS/MN/UFRJ.

 

 

“A valorização da música popular pela rádio brasileira” com Vassili

 

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No dia 15 de setembro de 2014, o antropólogo Vassili Rivron foi convidado pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos para falar sobre a rádio nacional e sua atuação no processo de valorização da música brasileira. Doutor em Sociologia pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), Rivron é professor da Universidade de Caen (França).

O evento foi realizado em parceria com o PPGAS-MN-UFRJ.

 

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“Diálogos Universitários I”, com Luiz Davidovitch

 

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Como atividade inaugural do ano de 2014, o CBAE recebeu a palestra “Universidade: desafios e perspectivas para a reinvenção de uma instituição multisecular em um país da periferia”. O encontro, realizado no dia 11 de março, foi o primeiro da série “Diálogos Universitários” e teve a participação do físico Luiz Davidovitch .

Diretor da Academia Brasileira de Ciências desde 2007 e membro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, Luis Davidovitch é especialista em óptica quântica. Em 2009, recebeu o prêmio Almirante Álvaro Alberto pela sua trajetória de pesquisa nas ciências exatas. Atualmente, é professor titular do Instituto de Física/UFRJ e pesquisa nas áreas de emaranhamento quântico e teoria do laser.

O intuito do ciclo, que teve ainda outras 2 atividades, era discutir os desafios que a universidade e a sociedade brasileira enfrentavam no campo da educação, da ciência e tecnologia, da cultura e da arte.