Diálogos Universitários | A universidade e os desafios da cultura

 

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A cultura brasileira, sob diversas perspectivas, foi tema do segundo debate do ciclo “Diálogos Universitários: Ciência, cultura e universidade”. Realizada no dia 1º de dezembro de 2016, “A universidade e os desafios da cultura brasileira” teve a participação da doutora em Comunicação Liv Sovik e do etnomusicólogo Samuel Araújo. O diretor do CBAE, José Sergio Leite Lopes foi o mediador do encontro.

No ano de 2016, o campo da cultura passou por grande instabilidade no seu aspecto institucional. Como solução para instabilidades econômicas, o Ministério da Cultura, criado em 1985 com a redemocratização, passou por um processo de extinção capitaneado por Michel Temer, quando assumiu a presidência após o afastamento de Dilma Rousseff. Somente após uma grande pressão da classe artística e de movimentos sociais, houve a manutenção a instituição. A ação governamental regressiva demonstra a necessidade de discussão sobre a questão.

Além do contexto conjuntural, a relevância da discussão se referia sobretudo aos desafios colocados para a universidade quanto à importância da preservação e do incentivo às culturas populares ameaçadas; à entrada mais massiva de estudantes cujas famílias nunca tiveram acesso ao ensino superior; ao respeito às identidades de classe, étnicas e de gênero aí envolvidas; à necessidade de uma comunicação com a sociedade que rompa as barreiras da mídia dominante para a expressão da riqueza desta diversidade cultural. Para isso foram convidados Liv Sovik, professora da Escola de Comunicação da UFRJ e especialista em Estudos Culturais, e Samuel Araújo, doutor em musicologia e coordenador do Laboratório de Etnomusicologia da UFRJ.

Realizador de um projeto de que leva a etnomusicologia à moradores da Maré, Araújo defendeu no debate que é importante o abandono de um visão restrita de cultura, evitando estereótipos de grupos sociais. Outra perspectiva muito enfatizada pelo pesquisador é de que o grande problema na cultura brasileira é a relação com o setor privado. Para ele, a monetização é extremamente prejudicial, porque acaba restringindo as trocas culturais.

Formada em Língua Inglesa e Literatura pela Universidade Yale, Sovik seguiu a conversa ressaltando a importância de uma universidade mais aberta para a pluralidade dos novos sujeitos que passaram a integrá-la. Segundo ela, o espaço acadêmico é excludente e intimidador ao se colocar em uma “torre de marfim”. Defendeu também que se buscasse um ambiente de maior diálogo e colaboração. Nesse sentido, destacou a importância do pensamento ativista e afirmou que busca sempre “ser uma intelectual militante”.

Após as considerações dos convidados, José Sergio Leite Lopes, diretor do CBAE, foi responsável por provocar o debate. Dentre as questões levantadas, esteve a conformação do  campo da cultura como um meio de embate político e a elitização das discussões sobre o tema. “Muitas pessoas nem sabiam que existia um Ministério da Cultura antes da extinção dele ou, até mesmo, antes das denúncias feitas pelo ex-ministro, Marcelo Calero”, finalizou Samuel Araújo.

 

 

 

Diálogos Universitários | A universidade e os desafios da ciência

 

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Os desafios para a universidade pública e para a ciência brasileira no contexto atual, com um controle de gastos sendo imposto pelo governo, foram tema de mesa redonda no Colégio Brasileiro de Altos Estudos. “A universidade e os desafios da ciência brasileira” inaugurou o ciclo “Diálogos universitários: Ciência, cultura e universidade”, que pretendia reunir pesquisadores de diversas áreas para debater sobre o futuro do Brasil.

Para essa primeira atividade, realizada no dia 3 de novembro de 2016, foram convidados o doutor em Ciências Biomédicas, Julio Scharfstein, o físico e diretor da Academia Brasileira de Ciências, Luis Davidovitch, a doutora em Ciências Biológicas, Renata Meirelles, e o antropólogo e renomado pesquisador Otávio Velho.

Eles discutiram como o não reconhecimento da educação como investimento interfere no campo, gerando uma precarização. Logo em uma das primeiras falas, Davidovitch lembrou ainda o aspecto “jovial” do ramo da ciência e tecnologia no país.

 

 

2013

Nessa sessão estão catalogados os eventos do ano de 2013. Em cada página há uma descrição da atividade, além de vídeos, áudios e uma galeria de fotos.

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“Avanços e desafios na expansão do ensino superior” com John French

 

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Com a participação de John French, Alexandre Fortes e Stephanie Reist, o CBAE realizou a palestra “Avanços e desafios na expansão do ensino superior: reflexões a partir do caso da Baixada Fluminense”, no dia 22 de setembro de 2016. Na conversa, foram abordados o quadro de marginalização da Baixada Fluminense e, ao mesmo tempo, dos impactos da ampliação de instituições universitárias na criação de novas oportunidades educacionais e de profissionalização e no desenvolvimento da região.

Brasilianista, French é doutor em história do Brasil pela Universidade Yale e professor de História na Universidade Duke. Tem interesse por temas relacionados à classe trabalhadora, escravidão, legislação, política, economia e cultura popular na América Latina. É autor dos livros “O ABC dos operários: conflitos e alianças de classe em São Paulo (1900-1950)” e “Afogados em Leis: a CLT e a cultura política dos trabalhadores brasileiros” e, desde 2005, trabalha em uma biografia do ex-presidente Lula.

Diretor do Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu da UFRRJ, Fortes possui doutorado em História pela UNICAMP. Sua área de pesquisa abrange a história do trabalho, história da esquerda e movimentos sociais na América Latina. Atualmente integra a Red Latinoamericana de Historia Global. Já Reist é estudante de doutorado em Estudos Latino-Americanos na Universidade Duke, onde pesquisa a ocupação urbana no Brasil e na Colômbia. Trabalhou no Projeto Raízes Locais, um projeto comunitário gerido pela Associação Terra dos Homens, em Duque de Caxias, analisando a dinâmica centro-periferia, pertencimento, cidadania e direitos sobre a terra.

Os pesquisadores apresentaram o panorama inicial do estudo sobre o tema, fruto da parceria da Universidade Duke (EUA), que French e Reist integram, com o Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, do qual Fortes é o diretor. No projeto “The Cost of Opportunity: Higher Education and Social Mobility in the Baixada Fluminense”, foi organizada uma equipe com estudantes de graduação e pós-graduação de Duke e do IM/UFRRJ para conhecer melhor os efeitos provocados pela expansão universitária na região, inspirados na realidade do IM/UFRRJ, de Nova Iguaçu, que completa dez anos em 2016.

Os convidados destacaram a importância da concretização do espaço universitário para a inserção de novos sujeitos sociais e para uma mudança cultural na região. A Baixada Fluminense é uma localidade muito marginalizada, que sofre com o estigma de violência e  da ausência de garantia um futuro para os seus moradores. Para os pesquisadores, a presença de um polo de ensino superior seria capaz de desenvolver a região e trazer esperanças para os jovens que lá residem.

De acordo com French, esses foram fatores considerados pela Duke University ao escolher o IM para ser contemplado pela iniciativa. Segundo Fortes, há dificuldade dos jovens da localidade acreditarem que é possível o ingresso na universidade, mas que essa realidade vem mudando e o IM acaba por receber muitos jovens que são os primeiros da família a ingressar no Ensino Superior.

Considerada uma instituição historicamente voltada para elite branca sulista, a Universidade Duke passa pela mesma experiência de ter alunos de “primeira geração”. Por conta disso, houve, segundo Reist, uma identificação entre os alunos do projeto vindos de Duke e da UFRRJ.

Com base nisso, French reiterou a necessidade de qualificar seus alunos ao declarar que a ambição social é combustível para rebeldia. A partir disso, eles lutariam por uma melhor qualidade de vida e pela concretização dos sonhos. Nesse contexto, French fez uma comparação com a história do ex-presidente Lula, sobre o qual o historiador escreve biografia. Segundo ele, a partir do ingresso no SENAI, o ex-operário pôde sonhar mais alto. Entrou pro sindicato, comandou mobilizações, até chegar à presidência.

Ao serem questionados pelo público presente, os pesquisadores demonstraram preocupação com a atual situação política do Brasil. Segundo eles, com as mudanças propostas pelo atual governo, o direito ao acesso ao ensino superior e a gratuidade das universidades públicas estão ameaçadas.

 

 

 

Links

Institutos de Estudos Avançados

Centro de Estudos Multidisciplinares (CEAM-UnB)

Colégio de Estudos Avançados (CEA-UFCE)

Fórum de Pensamento Estratégico (PENSES-UNICAMP)

Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP)

Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT-UFMG)

Instituto de Estudos da América Latina (IAL-UFPE)

Instituto Latino-americano de Estudos Avançados (ILEA-UFRGS)

Instituto Mercosul de Estudos Avançados (IMEA-UNILA)

Fórum Brasileiro de Estudos Avançados (FOBREAV)

 

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UFRJ

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Institutos

Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – FGV (CPDOC/FGV)

Instituto de Ciências Humanas e Filosofia – UFF (ICHF/UFF)

Instituto de Filosofia e Ciências Sociais – UFRJ (IFCS/UFRJ)

Instituto de Sociologia e Política – UERJ (IESP/UERJ)

Instituto Multidisciplinar da UFRRJ (IM/UFRRJ)

 

Programas de Pós Graduação

Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA/UFRRJ)

Programa de Pós Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional – UFRJ (PPGAS-MN/UFRJ)

Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais – UFRRJ (PPGCS/UFRRJ)

Programa de Pós Graduação em Sociologia e Antropologia – IFCS – UFRJ (PPGSA/UFRJ)

 

Núcleos de pesquisa

Arquivo de Memória Operária do Rio de Janeiro (AMORJ/IFCS/UFRJ)

Laboratório de Estudos dos Mundos do Trabalho e Movimentos Sociais (LEMT/CPDOC/FGV)

Laboratório de Educação e Patrimônio Cultural (LABOEP/FE/UFF)

Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST)

Núcleo de Antropologia da Política (NuAP/MN/UFRJ)

Núcleo de Antropologia do Trabalho, Estudos Biográficos e de Trajetórias (NuAT/MN/UFRJ)

Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina (NETSAL/IESP/UERJ)

Núcleo de Pesquisa, Desenvolvimento, Trabalho e Ambiente (DTA/IFCS/UFRJ)

Núcleo de Pesquisa, Documentação e Referência sobre Movimentos Sociais e Políticas Públicas no Campo (NMSPP/CPDA/UFRRJ)

Núcleo de Pesquisas e Estudos do Trabalho (NUPET/IESP/UERJ)

Núcleo de Pesquisas em Cultura e Economia (NuCEC/MN/UFF)

O CBAE

 

Tendo por referência a experiência dos institutos de estudos avançados de universidades estadunidenses e europeias, as universidades brasileiras, desde a USP em 1986, têm procurado encontrar seu próprio caminho na constituição destes centros produtores de ideias de vanguarda e de caráter interdisciplinar.

Com esta função, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, procurará articular e dar guarida a especialistas da UFRJ e de outras universidades em grupos de pesquisa em torno de polos temáticos transversais. Além disso, estes polos terão em comum um caráter de centro de documentação e produção de acervos, utilizando-se para isso da tecnologia digital disponibilizada para o conjunto das atividades do CBAE, bem como de recursos do Fórum de Ciência e Cultura, centro universitário ao qual pertence.

 

 

 

 

 

 

 

 

Contato:

(55) (21) 2552-1048 e 2552-1195

cbaearrobaforum.ufrj.br

Aconteceu no CBAE

 

Nessa categoria é possível encontrar registros multimídia dos eventos realizados pelo CBAE desde 2012. São vídeos, áudios, fotografias e textos disponíveis para consulta online, sobre temas de diferentes campos do conhecimento. Aqui, promovem-se congressos, colóquios, exposições e programas que atingem a premissa de fomentar o intercâmbio científico, cultural e artístico.

Utilizando tecnologia digital, nos aproximamos do caráter de centro de documentação e produção de acervo planejado pela instituição. A disseminação dos saberes, acreditamos, proporciona reflexão propositiva sobre o futuro ao estabelecer um encontro entre as sociedades civil e científica.

O CBAE conta com apoio de diversos institutos para a realização de seus eventos. Esses podem ser encontrados na página . 

Museus e Cidadania: alternativas à crise

 

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Por iniciativa do Museu de Antropologia da Universidade da Columbia Britânica, do Canadá, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos recebeu um seminário sobre o papel dos museus na cidadania. Para isso, reuniu inúmeros pesquisadores da área em duas mesas redondas no dia 19 de agosto de 2016: “Práticas museológicas alternativas na produção de conhecimento” e “Experiências de museologia como prática cidadã”.

O evento consistiu de duas mesas redondas. A primeira abordou as práticas museológicas alternativas na produção de conhecimento; enquanto a segunda mesa chamou-se “Experiências de museologia como prática cidadã”. Ao longo do dia, foram feitas diversas análises sobre o amplo quadro que possibilitou a formação dos museus, bem como que tipo de carência os atingiu no passado e no presente. Ressaltou-se a importância da representação histórica para a sociedade, e como a própria sociedade civil tem ocupado o espaço museológico.

No ato de abertura, os organizadores abriram espaço para a troca de opiniões e reflexões sobre o processo político enfrentado no momento e alternativas à ele. Nuno Porto, curador do Museu de Antropologia da UBC, considerou o momento como decisivo para que os intelectuais brasileiros se posicionassem na luta.

 

Democracia e Questões Capitais: Por que Golpe?

 

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O golpe ocorrido no Brasil foi tema de debate realizado no dia 1º de Junho de 2016 no Colégio Brasileiro de Altos Estudos. “Democracia e Questões Capitais: Por que Golpe?”, contou com a participação de James Green, Fabiano Guilherme Mendes Santos, Jeferson Scabio e Yasmin Motta. O objetivo da conversa era entender por que a situação que o Brasil passava podia ser entendida como um golpe.
Green é professor de história e estudos brasileiros da Universidade de Brown e preside o New England Council on Latin American Studies. Fabiano Santos é professor de Ciência Política do IESP-UERJ e editor associado da Journal of Politics in Latin America. Scabio cursa doutorado em Antropologia Social no PPGAS/UFRJ e é especialista em violência urbana e segurança pública. Yasmin Motta é estudante de Ciências Sociais do IFCS e faz parte do Centro Acadêmico de Filosofia e Ciências Sociais (CAFILCS).
O evento fez parte do ciclo de debates “Democracia e Questões Capitais” organizado pelo PPGAS/UFRJ acerca da conjuntura política do país.