As desigualdades socioeconômicas e territoriais são um dos maiores desafios para o desenvolvimento sustentável no Brasil. O Censo Demográfico 2022 fornece informações detalhadas sobre renda, acesso a serviços e condições de moradia. O Projeto IBGE investiga essas disparidades para compreender os fatores que ampliam a desigualdade e subsidiar políticas que promovam inclusão e equidade social.
Projetos específicos:
1.2. Censos Demográficos e a Distribuição de Renda: Trajetória e Determinantes da Desigualdade e Pobreza no Brasil
Pesquisadores: Pedro Fandiño e Paula Carvalho
Este projeto destina-se à exploração e análise de dados dos censos demográficos que concernem à pobreza monetária e à desigualdade de renda no Brasil em suas dimensões histórica, conjuntural e comparada. O projeto se estrutura em três eixos, que atendem aos seguintes objetivos: 1) analisar a trajetória da desigualdade e pobreza no Brasil desde a década de 1960, quando questões sobre a renda passaram a integrar ininterruptamente os censos; 2) compreender em que medida transformações distributivas observadas nos anos 2000s encontram-se consolidadas; e 3) comparar a trajetória recente da desigualdade e pobreza, e seus principais determinantes, em Brasil e China. Com o primeiro eixo, além de revisão bibliográfica sobre a trajetória histórica, serão discutidas limitações e vantagens associadas à utilização de dados dos censos para compreensão da desigualdade de renda no Brasil. O segundo eixo parte da constatação de que o país passou por profundos avanços distributivos nos anos 2000s; pretende-se compreender, com base em diferentes recortes espaciais possibilitados pelos dados do último censo, em que medida esses avanços foram revertidos devido às crises econômica, política e sanitária observadas entre 2014 e 2022. Com o terceiro eixo, serão investigadas similaridades e divergências nas trajetórias da desigualdade e da pobreza no Brasil e na China ― economias emergentes de dimensões e populações continentais que passaram por significativas transformações distributivas nas últimas décadas.
Questão norteadora: Qual a trajetória e os determinantes da desigualdade de renda e da pobreza monetária no Brasil a partir dos censos demográficos?
Palavras-chave: Desigualdade de Renda. Mercado de Trabalho. Inclusão Social. Análise Histórica. Políticas Redistributivas.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



1.4. Gênero, Raça e Migração como marcadores sociais da diferença na sociedade brasileira: a partir dos resultados do Censo e de uma perspectiva cinematográfica
Pesquisadora: Paula Alves de Almeida; Coordenadora: Barbara Cobo
Este projeto de pesquisa propõe uma análise interseccional de gênero, raça/cor, status de migrante e lugar de origem na sociedade brasileira, articulando dados do Censo Demográfico 2022 com representações cinematográficas sobre o tema. O estudo parte do pressuposto de que tanto o Censo quanto o cinema oferecem retratos da sociedade, permitindo compreender dinâmicas de exclusão e desigualdade. A pesquisa pretende mapear filmes brasileiros de longa-metragem produzidos entre 2011 e 20Este projeto de pesquisa propõe uma análise interseccional de gênero, raça/cor, status de migrante e lugar de origem na sociedade brasileira, articulando dados do Censo Demográfico 2022 com representações cinematográficas sobre o tema. O estudo parte do pressuposto de que tanto o Censo quanto o cinema oferecem retratos da sociedade, permitindo compreender dinâmicas de exclusão e desigualdade. A pesquisa pretende mapear filmes brasileiros de longa-metragem produzidos entre 2011 e 2022 que abordam a migração, analisando a representação dessas personagens a partir de marcadores sociais como gênero, cor/raça, status migratório e local de origem. Paralelamente, serão trabalhados os dados do Censo Demográfico 2022 para traçar um perfil dos migrantes considerando variáveis como sexo, raça/cor, idade, escolaridade, ocupação, rendimento, país ou estado de origem, e analisar possíveis desigualdades e interseccionalidades. A pesquisa busca responder a questões centrais, como os impactos da migração na empregabilidade e nos rendimentos, e se há uma dupla desvantagem para trabalhadores migrantes que pertencem a grupos historicamente marginalizados, como mulheres, negros e indígenas. Além disso, pretende-se verificar como as desigualdades regionais e a origem dos migrantes—seja nacional ou internacional—influenciam suas condições no mercado de trabalho, especialmente em comparação com trabalhadores não migrantes. Ao integrar abordagens quantitativas e qualitativas, a pesquisa pretende não apenas revelar padrões de desigualdade socioeconômica, mas também explorar como o cinema brasileiro reflete e constrói imaginários sobre a migração, o gênero e a raça/cor. O projeto abordará temas e metas constantes nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 8 (Trabalho decente e crescimento econômico) e 10 (redução das desigualdades), uma vez que trata de desigualdades e hierarquias na sociedade brasileira, especialmente no trabalho, mas não somente, contribuindo para um debate mais amplo sobre inclusão, representatividade, eliminação de discriminações e políticas públicas. Para tanto, a pesquisa utilizará os microdados do Censo Demográfico 2022 como perfil demográfico da população (raça/cor, gênero, idade), informações da amostra como dados de escolaridade, mercado de trabalho e todo o bloco de perguntas sobre migração. Além da integração dos dados censitários com análises qualitativas a partir das representações audiovisuais.
Questão norteadora: Analisar os fluxos migratórios internos captados pelo Censo 2022, traçar um perfil dos migrantes na sociedade brasileira (nacionais e internacionais), e observar como o cinema brasileiro representa o migrante e aborda a migração.
Palavras-chave: Interseccionalidades. Migração. Relações de Gênero e Raça/cor. Censo Demográfico 2022. Representatividade.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



1.5. Mensuração das Condições de Vida nos Censos Nacionais de População. O Brasil em perspectiva comparada.
Pesquisador: Flavio Gaitán
A conceitualização e mensuração das condições de vida de pessoas e famílias constitui um tema central das Ciências Sociais e Humanas, bem como um desafio para os formuladores de políticas públicas. Os organismos nacionais de estatística mobilizam, tanto em pesquisas de amostrais domiciliares quanto nos censos nacionais de população, diferentes conceitos e estratégias de operacionalização com o objetivo de captar as múltiplas dimensões do bem-estar de pessoas e famílias, tais como renda, acesso efetivo a serviços básicos ou direitos essenciais, como educação, moradia e saúde. Ao longo do tempo, o modo em que é entendido o bem-estar foi mudando, consequentemente, as formas de mensurá-lo. Nesse contexto, o presente projeto de pesquisa propõe uma análise comparada da evolução dos indicadores de condições de vida nos censos demográficos do Brasil, no período compreendido entre 1980 e 2022. O estudo busca, por um lado, compreender como esses indicadores foram sendo construídos e modificados ao longo do tempo. Por outro lado, pretende-se identificar experiências e boas práticas internacionais de mensuração do bem-estar, que possam eventualmente contribuir para o aperfeiçoamento metodológico da mensuração censitária no Brasil.
Palavras-chave: Mensuração das condições de vida. Operacionalização de Conceitos. Pobreza. Indicadores Multidimensionais. Privação. Políticas Públicas. Inclusão Social.
Questão norteadora:
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



3.1. Contextos e Trajetórias da Escolarização Brasileira a partir dos Dados do Censo Demográfico (2000-2022): Avanços, Desafios e Perspectivas para a Educação e a Gestão Pública
Pesquisador: Breynner Ricardo de Oliveira
Colaboradores:Denilson Junio Marques Soares; Márcio Vinícius de Oliveira; Jianne Inês Fialho Coelho; Maria Michelle Fernandes Alves
O projeto analisa as trajetórias da escolarização no Brasil entre 2000 e 2022, utilizando dados dos Censos Demográficos para investigar avanços, retrocessos e desafios na educação e sua relação com a gestão pública. A pesquisa parte de uma abordagem quantitativa-qualitativa, articulando diferentes contextos — conjuntural, institucional, territorial e experiencial — para compreender como políticas educacionais foram implementadas e seus impactos na realidade brasileira. O estudo destaca o período de crescimento e consolidação de políticas públicas entre 2003 e 2014, caracterizado por ampliação do acesso à educação, redução do analfabetismo e melhorias nos indicadores de desempenho. No entanto, a partir de 2016, observa-se um movimento de inflexão, marcado por cortes orçamentários, retração de investimentos e mudanças políticas que comprometeram os avanços anteriores. Além disso, o impacto da pandemia de COVID-19 (2020-2022) aprofundou desigualdades educacionais, evidenciadas pela queda nos índices do Ideb e pelo aumento das dificuldades de acesso a recursos tecnológicos e infraestrutura escolar. A pesquisa também examina a influência da transição demográfica, com a redução da taxa de fecundidade e o envelhecimento populacional, que impõem novos desafios à educação básica e superior. Por meio de uma análise crítica dos dados, o estudo visa subsidiar a formulação de políticas públicas mais eficazes, voltadas para a equidade educacional, o financiamento sustentável da educação e a adaptação das redes de ensino às mudanças demográficas e socioeconômicas do país.
Palavras-chave: Trajetórias Educacionais. Desempenho Escolar. Evasão Escolar. Políticas Educacionais. Inclusão Educacional.
Questão norteadora: Que evidências os dados do Censo Demográfico revelam sobre a trajetória educacional brasileira e que desafios impõem para a gestão e para a implementação de políticas públicas conexas à educação?
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



4.1. Dinâmica Populacional, Mercado de Trabalho e Crescimento Econômico: um estudo à luz dos dados revelados pelo Censo 2022
Pesquisadores: Francisco Eduardo Pires de Souza
Os dados do Censo 2022 trouxeram uma aceleração inesperada nas tendências demográficas, evidenciando mudanças no perfil e no ritmo de crescimento da população, com impactos diretos no mercado de trabalho e na economia. As novas projeções do IBGE indicam um crescimento cada vez mais lento da população em idade ativa (PIA), que em 2024 aumentará apenas 0,76% ao ano, contrastando com os 2% ao ano observados no início dos anos 2000. Quando considerada a faixa etária entre 14 e 65 anos, esse crescimento se reduz ainda mais, para apenas 0,3% ao ano, enquanto a população acima de 65 anos já representa 11,2% do total e cresce a um ritmo acelerado de 4,3% ao ano. Essas transformações alteram a estrutura produtiva do país, exigindo reavaliações nas políticas públicas e nos modelos econômicos, especialmente no que se refere ao mercado de trabalho e ao crescimento econômico. Embora os desdobramentos se estendam para áreas como educação, desigualdade e meio ambiente, este estudo concentra-se especificamente na inter-relação entre dinâmica demográfica, empregabilidade e desenvolvimento econômico, buscando compreender os desafios e oportunidades desse novo cenário.
Palavras-chave: Tendências Demográficas. Mercado de Trabalho. Crescimento Econômico. Perfil Populacional. Projeções Econômicas.
Questão norteadora: Qual o futuro do mercado de trabalho e do crescimento econômico dada a forte queda do crescimento da força de trabalho?
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



4.2. Mudanças tecnológicas e retração da proteção social: impactos no mercado de trabalho e nos benefícios contributivos
Pesquisadores: Yuri Oliveira de Lima, Arnaldo Provasi Lanzara, Renato Raul Boschi, Bruno Salgado Silva
O projeto investiga as transformações do mercado de trabalho brasileiro diante das reformas econômicas e trabalhistas implementadas a partir de 2016, bem como os impactos da digitalização e das novas tecnologias na estrutura ocupacional. A flexibilização das relações de trabalho e a retração das proteções sociais contribuíram para o aumento da informalidade, a precarização do emprego e a diminuição do acesso a benefícios contributivos, como previdência e seguro-desemprego. A partir dos dados do Censo Demográfico de 2022 e de microdados de bases como CAGED e RAIS, busca-se compreender as tendências recentes de inserção da população no mercado de trabalho e os desafios da proteção social em um cenário de profundas mudanças produtivas. O estudo também examina a migração de trabalhadores entre regimes previdenciários e a crescente desigualdade na distribuição de competências, impulsionada pela revolução digital e pela falta de investimentos estratégicos em qualificação profissional. Além disso, investiga-se como a automação e a digitalização vêm impactando a segurança econômica dos trabalhadores, reduzindo oportunidades de emprego formal e ampliando a dependência de esquemas privados de seguridade. O projeto pretende contribuir para o debate sobre os desafios da regulação do trabalho e da proteção social no Brasil, avaliando possíveis caminhos para a reformulação das políticas públicas de emprego e previdência diante das novas dinâmicas do mercado de trabalho.
Palavras-chave: Digitalização. Mercado de Trabalho. Proteção Social. Inovação Tecnológica. Informalidade.
Questão norteadora: Como as mudanças institucionais e tecnológicas do mercado de trabalho brasileiro impactaram a estrutura ocupacional e o sistema de proteção social nas últimas décadas?
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



4.3. Desafios Para As Políticas Públicas Diante Das Transformações Tecnológicas, Demográficas E Ambientais: Análise A Partir Da Dinâmica Ocupacional
Pesquisadores: Amilton J. Moretto e Flávio A. Gaitán
O projeto visa explorar os dados do censo 2022 para levantar evidências que caracterizem o mercado de trabalho local/regional a partir da construção de indicadores de inserção ocupacional, que revele os aspectos que tornam a inserção no mercado de trabalho mais (ou menos) vulnerável para alguns grupos populacionais e as diferenças entre regiões do território.O objetivo geral é contribuir com o aprimoramento da formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas dos vários níveis de governo, especialmente àquelas voltadas ao mercado de trabalho, por meio de evidências que possibilitem a caracterização das diferenças entre as pessoas que se inserem no mercado de trabalho e as diferenças regionais. Espera-se que o conjunto de indicadores resultantes da pesquisa converta-se em ferramentas que auxiliem os gestores públicos no planejamento e na formulação e implementação de políticas públicas de proteção social adequadas às características de cada grupo de trabalhadores e aos diferentes locais/regiões. Quanto ao cenário futuro, o projeto problematiza como as transformações decorrentes da introdução dos avanços tecnológicos, das exigências trazidas pela crise ambiental e a transição demográfica vão moldar o mercado de trabalho, eliminando ocupações ao mesmo tempo em que abrirá novas oportunidades ocupacionais.
Palavras-chave:
Questão norteadora: Como os dados do Censo 2022 traduzem as mudanças ocorridas no mercado de trabalho brasileiro na década passada, e como tais informações permitem construir um quadro dos grupos/pessoas e regiões com maior vulnerabilidade e, portanto, que demandam políticas de proteção?
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



6.1. Os indígenas no Censo 2022: Uma reflexão sobre a política da pesquisa censitária e suas consequências
Pesquisador: Francisco José Mendes Duarte
O projeto analisa a política da pesquisa censitária de 2022 com foco na quantificação dos povos indígenas, inserindo-se no contexto dos múltiplos processos socioeconômicos e ambientais que marcam o Brasil contemporâneo e na ascensão do debate sobre etnicidade e territorialidade a partir dos anos 1980. Partindo das mobilizações de movimentos sociais que uniram ativistas, cientistas e burocratas, o estudo evidencia como a inclusão desses grupos nas estatísticas oficiais rompeu com as narrativas assimilacionistas do passado, impulsionando inovações epistemológicas, metodológicas e institucionais no IBGE, que adaptou seus instrumentos – como a ampliação da Base Territorial e a realização de consultas prévias com organizações indígenas – para captar a diversidade étnico-racial do país enquanto política nacional. Utilizando o método de process tracing para mapear os mecanismos causais, o projeto analisa a influência das articulações entre o movimento indígena e a burocracia censitária na formulação e implementação do Censo de 2022, destacando as consequências da politização da pesquisa censitária: a visibilidade dos povos indígenas, o fortalecimento das políticas públicas afirmativas e a criação de um modelo de quantificação que pode ser extrapolado para outros povos e comunidades tradicionais, como os quilombolas. Dessa forma, o estudo não só revisita a trajetória histórica e sociológica dos debates sobre identidade e territorialidade dos povos indígenas, mas também aponta que o conhecimento aprofundado da quantificação indígena pode orientar futuras políticas públicas mais efetivas e contribuir para a preservação da sociobiodiversidade brasileira, contribuindo para o avanço do diálogo entre sociedade, academia e Estado.
Palavras-chave: Censo Demográfico 2022. Povos Indígenas. Etnicidade e Territorialidade. Process Tracing. Políticas Públicas Inclusivas.
Questão norteadora: Como se deu e quais as consequências da politização da pesquisa censitária pela questão indígena?
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:



7.1. Mapeamento das desigualdades espaciais produtivas no Brasil: evidências empíricas multidimensionais a partir do Censo de 2022
Pesquisadores: Bianca Louzada Xavier Vasconcellos e Georges Gérard Flexor
As desigualdades espaciais representam um fator determinante na estruturação das disparidades socioeconômicas no Brasil, refletindo padrões históricos de concentração produtiva e desigual distribuição de recursos. Este projeto propõe investigar como as transformações recentes na estrutura produtiva — em especial a desindustrialização prematura e a expansão do agronegócio — remodelaram o mapa socioeconômico brasileiro, aprofundando ou redefinindo padrões históricos de desigualdade. Ao integrar os dados do Censo Demográfico 2022 a indicadores setoriais – como complexidade econômica, valor adicionado bruto, exportações, salário médio etc.-, o estudo busca analisar a emergência de novos polos dinâmicos e o agravamento das vulnerabilidades territoriais, oferecendo evidências empíricas sobre as dinâmicas contemporâneas da desigualdade no país. Adotando uma abordagem metodológica que integra análise estatística, espacialização territorial e recorte produtivo setorial, o objetivo é mapear a evolução das desigualdades territoriais decorrentes da expansão do agronegócio e desindustrialização, identificando padrões, gargalos e oportunidades para o desenvolvimento regional. O projeto alinha-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), com especial atenção às metas de redução das desigualdades (ODS 10), fortalecimento da industrialização inclusiva (ODS 9) e promoção de cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11), incorporando ainda a dimensão ambiental onde pertinente (ODS 13).
Palavras-chave: Desigualdades Espaciais. Estrutura Produtiva. Indicadores Socioeconômicos. Regionalização. Inclusão Regional.
Questão norteadora: De que maneira as desigualdades espaciais produtivas impactam as condições socioeconômicas nos territórios brasileiros, e como a distribuição assimétrica da desindustrialização/complexidade econômica regional e da produção agroexportadora, ao longo do século XXI, tem contribuído para a reprodução dessas disparidades, à luz dos dados do Censo Demográfico de 2022?
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:






7.3. Desigualdades Socioespaciais na Realidade Fluminense: Uma Análise da Agenda 2030 e dos Três Últimos Censos Demográficos do IBGE
Pesquisadora: Camila da Silva Vieira
As transformações político-econômicas das últimas décadas, marcadas pelo avanço tecnológico, a financeirização do capital e a consolidação do capitalismo globalizado, trouxeram consigo não apenas ganhos materiais e acesso ampliado a bens e serviços, mas também evidenciaram e, em muitos casos, intensificaram as desigualdades socioespaciais. No Brasil, essas disparidades se manifestam de maneira acentuada no território fluminense, onde fatores históricos, econômicos e sociais contribuem para a perpetuação de assimetrias no acesso a direitos básicos. Diante desse cenário, a Agenda 2030 da ONU emerge como uma tentativa de reorientação das políticas de desenvolvimento, promovendo uma abordagem pluridimensional que integra aspectos econômicos, sociais, ambientais e políticos, visando à construção de sociedades mais justas e sustentáveis. No contexto brasileiro, o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 10 (ODS 10) – Redução das Desigualdades – apresenta-se como um eixo central para a efetivação desses princípios, especialmente em um país historicamente marcado por profundas desigualdades estruturais. Contudo, a efetividade desse compromisso depende não apenas da adesão dos governos e instituições, mas também de mecanismos que possibilitem a mensuração e o acompanhamento das ações implementadas. Considerando esse desafio, o presente estudo busca analisar a realidade socioespacial do estado do Rio de Janeiro sob a ótica dos três últimos Censos Demográficos do IBGE, confrontando esses dados com as metas do ODS 10 e a estrutura de monitoramento do Relatório Luz de 2023 e 2024. A partir desse diagnóstico, pretende-se propor formas mais precisas de mensuração, construindo uma tipologia de baixo, médio e alto potencial de atendimento das metas de redução das desigualdades, assim como identificar os principais obstáculos para o alcance das mesmas e compreender como políticas públicas podem ser mais efetivas na mitigação dessas disparidades. A importância desse estudo reside não apenas na necessidade de avaliação e aprimoramento das estratégias já existentes, mas também na busca por metodologias inovadoras que possibilitem um uso mais eficiente dos dados censitários e geoespaciais, ampliando sua acessibilidade e aplicabilidade para gestores públicos, pesquisadores e a sociedade civil. Dessa forma, a pesquisa pretende contribuir para o fortalecimento das políticas de inclusão social, fornecendo subsídios para a formulação de estratégias mais eficazes no combate às desigualdades e na construção de um modelo de desenvolvimento verdadeiramente sustentável e democrático.
Palavras-chave: Desigualdades Regionais. Rio de Janeiro. Políticas Públicas. Análise Socioespacial. Censos Demográficos. Agenda 2030.
Questão norteadora: De que forma a mensuração do potencial de atendimento às metas de redução das desigualdades nos municípios fluminenses pode ajudar na formulação de políticas públicas mais efetivas e estratégias mais eficazes no combate às desigualdades e na construção de um modelo de desenvolvimento mais sustentável e democrático?
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:


