2. Diagnósticos Sobre População, Biomas e Sustentabilidade

O Censo Demográfico constitui uma fonte de dados única para estudos de caráter social,  econômico e ambiental em escalas maiores e detalhadas, como municípios, bairros e demais  áreas de interesse. Neste âmbito, a compreensão da complexidade das crises ambientais  contemporâneas no Brasil demanda olhares que considerem a diversidade de seus biomas e  os relativos desafios à sustentabilidade, os processos históricos da dinâmica populacional, da  urbanização e de ocupação do espaço, incluindo tanto questões de habitação como de  mobilidade espacial. As análises de riscos ambientais, desastres, vulnerabilidades e da  adaptação para todo o Brasil é amplamente ancorada na pesquisa censitária, já que é  relacionada às mudanças na distribuição espacial da população, do perfil etário, educacional,  habitacional, de acesso à serviços, dentre outros. Espera-se que, ao final, as pesquisas  desenvolvidas neste âmbito tragam a compreensão conjunta dos aspectos da dinâmica  espacial, demográfica e ambiental, assim como das relativas questões econômicas, resultando  em propostas de compreensão dos processos de vulnerabilização, mensuração da  vulnerabilidade e dos desafios à adaptação às mudanças ambientais considerando as  possibilidades de análises feitas a partir do Censo Demográfico 2022

Projetos específicos:

2.1. Vulnerabilidade Socioambiental, Adaptação Climática e o Censo IBGE 2022

Pesquisadora: Estela Maria Souza Costa Neves

O estudo da relação entre população, biomas e sustentabilidade é essencial para subsidiar políticas públicas voltadas à adaptação climática no Brasil. Com base nos dados do Censo Demográfico 2022, este projeto propõe uma análise exploratória sobre vulnerabilidade ambiental e adaptação, considerando a distribuição espacial da população e as características dos biomas brasileiros – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. A pesquisa busca avançar na compreensão das questões socioambientais prioritárias da agenda governamental, identificando riscos ambientais, padrões de urbanização, acesso a serviços e ocupação territorial, além de apontar alternativas para a formulação de políticas públicas eficazes. A metodologia combina abordagens qualitativas e quantitativas, dividindo-se em quatro etapas principais: levantamento exploratório de variáveis censitárias e ambientais, qualificação da produção estatística e geoespacial, implementação do plano de trabalho e disseminação dos resultados. O estudo prevê o cruzamento de estatísticas oficiais, geoinformação e literatura acadêmica, além de diálogo com stakeholders para validação das análises. A expectativa é que os resultados contribuam para o fortalecimento das capacidades estatais na gestão de riscos e na formulação de estratégias de adaptação climática, promovendo uma abordagem integrada entre aspectos demográficos, espaciais e ambientais.

Questão norteadora: Qual é a contribuição do Censo 2022 para conhecimento das populações passíveis de serem consideradas vulneráveis desde a perspectiva da adaptação climática?

Palavras-chave: Adaptação Climática. Biomas. Distribuição Populacional. Sustentabilidade Ambiental. Riscos Ambientais.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

2.2. Sustentabilidades e os Amanhãs Desejáveis: Biodiversidade e governança socioambiental em políticas públicas no Brasil, à luz da Agenda 2030

Pesquisadora: Marta Irving

Colaboradores: Thais Moreno; Marcelo Lima; Renata Amorim; Yasmin Nasri

O projeto analisa de forma abrangente a dinâmica e os processos de governança socioambiental em áreas protegidas, explorando como a agenda da biodiversidade pode ser integrada com as demais políticas setoriais por meio de práticas inovadoras e intersetoriais. A pesquisa fundamenta-se na compreensão de território e territorialidade e no conceito de mosaico de Áreas Protegidas, identificando os municípios envolvidos como unidades essenciais para o desenvolvimento territorial sustentável. A partir da coleta e análise de dados qualitativos e quantitativos, o estudo evidencia que a efetiva integração das políticas públicas depende de uma governança colaborativa que promova a articulação entre agentes governamentais, organizações não governamentais e a sociedade civil. Nesse sentido, o projeto propõe a construção de uma linha de base que contemple o contexto das dinâmicas socioambientais, possibilitando a geração de subsídios aplicados à formulação e ao ajuste de estratégias de gestão em territórios protegidos. Ao abordar os múltiplos desafios decorrentes da sobreposição de interesses e da fragmentação das ações setoriais, o estudo destaca a importância de práticas de gestão adaptativa e de mecanismos institucionais que favoreçam a articulação intermunicipal e a implementação de políticas integradas. A pesquisa, portanto, contribui para a reflexão sobre os caminhos que podem ser seguidos para a consolidação de uma governança mais efetiva, capaz de harmonizar a conservação da biodiversidade com o desenvolvimento econômico e a justiça social, ressaltando, sobretudo, a necessidade de se construir um modelo de atuação que privilegie a cooperação e o planejamento estratégico compartilhado entre os diversos atores do cenário socioambiental.

Palavras-chave: Território. Governança. Áreas Protegidas. Desenvolvimento sustentável. Políticas públicas.

Questão norteadora: Como se expressa a dinâmica e a governança socioambiental no contexto de áreas protegidas e caminhos para a integração da agenda da biodiversidade com as demais políticas setoriais?

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

2.3. Integração de informações sobre Ambientes e Territórios Indígenas e Quilombolas a partir do Censo de 2022

Pesquisadora: Felipe Rangel Tavares

Considerando a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que estabeleceu 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas, em vigor desde 1º de janeiro de 2016, ressaltamos, para fins investigativos deste projeto, duas dimensões (ou áreas) apresentadas no documento: 1) Pessoas – destacando ações que assegurem a igualdade e dignidade humana; 2) Planeta – enfatizando práticas de proteção e gestão sustentável dos ambientes. Reconhecemos que tais dimensões estão abarcadas nas inovações operacionais e metodológicas relacionadas ao recenseamento de Povos Indígenas e Quilombolas no Brasil, do Censo Demográfico de 2022 – ênfase deste projeto de pesquisa –, pois iluminam as relações entre população, biomas e sustentabilidade, ao produzir informações que podem subsidiar a elaboração de diagnósticos que integrem a relação entre ambientes e territórios. Deste modo, o projeto se situa na temática n°10 – Diagnósticos sobre população, biomas e sustentabilidade”, dialogando, em específico, com o ODS 15 e com as metas 15.1 e 15.2. A pergunta central desta pesquisa se estrutura assim: Por que o recenseamento da população indígena e quilombola apresentados no Censo de 2022 são fundamentais à efetivação do 15° objetivo do desenvolvimento sustentável? Ao trazer respostas para este questionamento, pretende-se difundir as informações e conhecimentos produzidos pela ENCE/IBGE, além de estimular pesquisas que superem o “mito moderno da natureza intocada” (Diegues, 2008) e a ideia de “vazios demográficos” ou “terras disponíveis” (Porto-Gonçalves e Quental, 2013), ainda presentes em análises, indicadores e diagnósticos que versam sobre conservação e proteção de biomas. A relação entre territórios indígenas/quilombolas e gestão sustentável dos ecossistemas terrestres merece atenção especial porque a ideia de cuidado para esses povos se baseia numa coletividade que inclui os seres humanos e não-humanos. A carência de informações de cunho institucional que integrem essas dimensões, evidentes nas cosmologias e saberes-fazeres das comunidades e povos tradicionais, contribui para a reprodução de uma visão dicotômica acerca da relação sociedade-natureza. A partir das informações sobre as populações indígenas e quilombolas do Censo de 2022, pretende-se produzir informações que correlacionem os territórios e ambientes desses povos e comunidades às práticas de gestão sustentável. Essas informações terão a forma de tabelas, gráficos, mapas e dados cartográficos, com o intuito de promover a disseminação da pesquisa, em banco de dados, repositórios, relatórios, publicações em periódicos, tal qual em plataformas como o Atlas Geográfico Escolar do IBGE e demais meios de difusão do conhecimento interessados na temática.

Palavras-chave: Territórios. Ambientes. Ecologia Política. Cosmologias. Sustentabilidades.

Questão norteadora: Por que o recenseamento da população indígena e quilombola apresentados no Censo de 2022 são fundamentais à efetivação do 15° objetivo do desenvolvimento sustentável?

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

2.4. Trabalho decente e mudanças climáticas no Brasil: investigando realidades municipais a partir do Censo Demográfico de 2022

Pesquisadora: Paula Vivacqua Boarin

Com uma abordagem descritiva e exploratória, o projeto se concentra na promoção do trabalho decente em municípios brasileiros impactados pelas mudanças climáticas. O tema se associa ao Objetivo do Desenvolvimento Sustentável 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico, da Agenda 2030 das Nações Unidas, que abarca a promoção do emprego produtivo e de qualidade, a ampliação da proteção social, o fortalecimento do diálogo social e o respeito aos direitos trabalhistas, em especial os fundamentais – liberdade sindical, à negociação coletiva, eliminação da discriminação e erradicação do trabalho forçado e infantil. A partir da seleção dos municípios, serão fornecidas caracterizações sociodemográfica e socioeconômica, lançando mão, sobretudo, dos dados dos censos demográficos de 2010 e 2022, antes de depois da criação da Agenda 2030. Os resultados permitirão análises sobre aspectos-chave como vulnerabilidade socioambiental, migração, emprego e renda. Eles subsidiarão, ainda, uma discussão sobre a mensuração do desenvolvimento sustentável com base em diferentes índices, a exemplo do Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades (IDSC).

Palavras-chave: Agenda 2030. Censo Demográfico 2022. Mudanças Climáticas. Trabalho Decente.

Questão norteadora: Como se encontra a promoção do trabalho decente em municípios brasileiros fortemente afetados pelas mudanças climáticas? Como desdobramento, pretende-se identificar desafios subjacentes e, dessa forma, contribuir para a formulação de políticas públicas voltadas à adaptação?

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: