4. Mercado de Trabalho, Renda e Pobreza

Como mostrou o Censo Demográfico de 2010 e as séries anuais da PNAD e da PNAD Contínua, o Brasil vivenciou avanços sociais significativos com relação à pobreza, trabalho  infantil, desigualdade e inserção no mercado de trabalho entre 2003 e 2014. Desde 2016,  contudo, sob a égide da política de austeridade fiscal, reforma trabalhista e desfinancimento  de programas sociais, o Brasil passou apresentar retrocessos em todas essas dimensões.  Analisar os efeitos desse processo sobre a realidade brasileira de 2022 é um dos objetivos  dessa linha de estudos, com as possibilidades de análise microrregional e municipal que que  o Censo Demográfico permite, especialmente sobre temas como o trabalho infantil, pobreza,  proteção previdenciária e inserção no mercado de trabalho. Análises comparativas entre  estado e municípios que lograram sustentar parte dos programas sociais no período- como os  estados do Consórcio do Nordeste-são particularmente relevantes. Por fim, também interessa  investigar as mudanças e permanências da estrutura produtiva microrregional no país ao  longo dos últimos 20 anos. 

Projeto específico:

4.1. Dinâmica Populacional, Mercado de Trabalho e Crescimento Econômico: um estudo à luz dos dados revelados pelo Censo 2022

Pesquisadores: Francisco Eduardo Pires de Souza

Os dados do Censo 2022 trouxeram uma aceleração inesperada nas tendências demográficas, evidenciando mudanças no perfil e no ritmo de crescimento da população, com impactos diretos no mercado de trabalho e na economia. As novas projeções do IBGE indicam um crescimento cada vez mais lento da população em idade ativa (PIA), que em 2024 aumentará apenas 0,76% ao ano, contrastando com os 2% ao ano observados no início dos anos 2000. Quando considerada a faixa etária entre 14 e 65 anos, esse crescimento se reduz ainda mais, para apenas 0,3% ao ano, enquanto a população acima de 65 anos já representa 11,2% do total e cresce a um ritmo acelerado de 4,3% ao ano. Essas transformações alteram a estrutura produtiva do país, exigindo reavaliações nas políticas públicas e nos modelos econômicos, especialmente no que se refere ao mercado de trabalho e ao crescimento econômico. Embora os desdobramentos se estendam para áreas como educação, desigualdade e meio ambiente, este estudo concentra-se especificamente na inter-relação entre dinâmica demográfica, empregabilidade e desenvolvimento econômico, buscando compreender os desafios e oportunidades desse novo cenário.

Palavras-chave: Tendências Demográficas. Mercado de Trabalho. Crescimento Econômico. Perfil Populacional. Projeções Econômicas.

Questão norteadora: Qual o futuro do mercado de trabalho e do crescimento econômico dada a forte queda do crescimento da força de trabalho?

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

4.2. Mudanças tecnológicas e retração da proteção social: impactos no mercado de trabalho e nos benefícios contributivos

Pesquisadores: Yuri Oliveira de Lima, Arnaldo Provasi Lanzara, Renato Raul Boschi, Bruno Salgado Silva

O projeto investiga as transformações do mercado de trabalho brasileiro diante das reformas econômicas e trabalhistas implementadas a partir de 2016, bem como os impactos da digitalização e das novas tecnologias na estrutura ocupacional. A flexibilização das relações de trabalho e a retração das proteções sociais contribuíram para o aumento da informalidade, a precarização do emprego e a diminuição do acesso a benefícios contributivos, como previdência e seguro-desemprego. A partir dos dados do Censo Demográfico de 2022 e de microdados de bases como CAGED e RAIS, busca-se compreender as tendências recentes de inserção da população no mercado de trabalho e os desafios da proteção social em um cenário de profundas mudanças produtivas. O estudo também examina a migração de trabalhadores entre regimes previdenciários e a crescente desigualdade na distribuição de competências, impulsionada pela revolução digital e pela falta de investimentos estratégicos em qualificação profissional. Além disso, investiga-se como a automação e a digitalização vêm impactando a segurança econômica dos trabalhadores, reduzindo oportunidades de emprego formal e ampliando a dependência de esquemas privados de seguridade. O projeto pretende contribuir para o debate sobre os desafios da regulação do trabalho e da proteção social no Brasil, avaliando possíveis caminhos para a reformulação das políticas públicas de emprego e previdência diante das novas dinâmicas do mercado de trabalho.

Palavras-chave: Digitalização. Mercado de Trabalho. Proteção Social. Inovação Tecnológica. Informalidade.

Questão norteadora: Como as mudanças institucionais e tecnológicas do mercado de trabalho brasileiro impactaram a estrutura ocupacional e o sistema de proteção social nas últimas décadas?

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável:

4.3. Desafios Para As Políticas Públicas Diante Das Transformações Tecnológicas, Demográficas E Ambientais: Análise A Partir Da Dinâmica Ocupacional

Pesquisadores: Amilton J. Moretto e Flávio A. Gaitán

O projeto visa explorar os dados do censo 2022 para levantar evidências que caracterizem o mercado de trabalho local/regional a partir da construção de indicadores de inserção ocupacional, que revele os aspectos que tornam a inserção no mercado de trabalho mais (ou menos) vulnerável para alguns grupos populacionais e as diferenças entre regiões do território.O objetivo geral é contribuir com o aprimoramento da formulação, monitoramento e avaliação de políticas públicas dos vários níveis de governo, especialmente àquelas voltadas ao mercado de trabalho, por meio de evidências que possibilitem a caracterização das diferenças entre as pessoas que se inserem no mercado de trabalho e as diferenças regionais. Espera-se que o conjunto de indicadores resultantes da pesquisa converta-se em ferramentas que auxiliem os gestores públicos no planejamento e na formulação e implementação de políticas públicas de proteção social adequadas às características de cada grupo de trabalhadores e aos diferentes locais/regiões. Quanto ao cenário futuro, o projeto problematiza como as transformações decorrentes da introdução dos avanços tecnológicos, das exigências trazidas pela crise ambiental e a transição demográfica vão moldar o mercado de trabalho, eliminando ocupações ao mesmo tempo em que abrirá novas oportunidades ocupacionais.

Palavras-chave:

Questão norteadora: Como os dados do Censo 2022 traduzem as mudanças ocorridas no mercado de trabalho brasileiro na década passada, e como tais informações permitem construir um quadro dos grupos/pessoas e regiões com maior vulnerabilidade e, portanto, que demandam políticas de proteção?

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: