Cátedra Carlos Chaga

Experiências Adversas na Infância (EAI) estão associadas a desfechos desfavoráveis na vida adulta, aumentando o risco de futuras condições crônicas, como síndrome metabólica, aterosclerose, doença coronariana, diabetes, doença pulmonar crônica obstrutiva, doenças autoimunes e câncer. Estudos recentes sugerem que os mecanismos biológicos e moleculares que sustentam essa associação envolvem alterações epigenéticas, como metilação do DNA e expressão de microRNA, além de alterações da microbiota intestinal.

A presente proposta, apresentada por uma rede de pesquisadores de instituições nacionais (UFRJ, UERJ, e IDOR) e estrangeiras (UP), objetiva aprofundar o conhecimento sobre esse tema, utilizando-se de estudos agrupados em três eixos. No eixo epidemiológico pretende-se quantificar a prevalência de EAI em gestantes e pacientes adultos com Doença Inflamatória Intestinal (DII) ou Câncer Colorretal (CCR); nas gestantes, pretende-se correlacionar EAI com desfechos perinatais e doenças crônicas; nos pacientes com DII e CCR, correlacionar EAI com gravidade dessas doenças. Pretende-se, ainda, estudar prevalência de DII e CCR no Brasil e estado Rio de Janeiro, utilizando dados do DATASUS. Por fim, pretende-se apresentar resultados, ainda inéditos, de uma investigação recente em estudantes do ensino médio de uma Região Administrativa da cidade do Rio de Janeiro, sobre a associação entre adversidades na infância e comportamento de risco. No eixo translacional, amostras de gestantes e de pacientes adultos com DII ou CCR serão estudadas quanto à presença de alterações epigenéticas e da microbiota intestinal, relacionadas às possíveis associações observadas no eixo epidemiológico. No eixo de políticas públicas, uma revisão sistemática sobre o tema e resultados dos estudos do eixo epidemiológico, serão utilizados para identificar áreas prioritárias e propor políticas e intervenções de saúde, inclusive em âmbito escolar, visando contribuir para a prevenção e redução de desfechos desfavoráveis na vida adulta.