“Movimentos contra a violência de Estado: gênero, território e afeto

 

Adriana Vianna

 

No dia 23 de maio de 2016, às 14h, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE/UFRJ) recebeu a antropóloga Adriana Vianna e a socióloga Juliana Farias para a palestra “Movimentos contra a violência de Estado: gênero, território e afeto como política”.

Adriana Vianna é professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (UFRJ). É autora de “O fazer e o desfazer dos direitos; experiências etnográficas sobre política, administração e moralidades” (2013); “Direitos e Políticas Sexuais no Brasil: o panorama atual”, com Paula Lacerda (2004) e “O mal que se adivinha: polícia e menoridade no Rio de Janeiro, 1910-1920” (Prêmio Arquivo Nacional, 1999).

Juliana Farias é doutora em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGSA/IFCS/UFRJ) e pós-doutoranda no PPCIS/UERJ. Autora da tese “Governo de Mortes: uma etnografia da gestão de populações de favelas no Rio de Janeiro” (2014) e, com Adriana Vianna, do artigo “A guerra das mães: dor e política em situações de violência institucional”, (Cadernos Pagu, 2011).

A atividade integrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”, coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/UFRJ.

 

 

“Os Movimentos Sociais e o CONSEA” com Maria Emília Pacheco

 

maria emilia

 

Para a palestra “Os movimentos sociais e o CONSEA (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional da Presidência da República)”, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos recebeu a antropóloga Maria Emília Pacheco, no dia 16 de maio de 2016.

A palestra se dividiu em três momentos: inicialmente, Pacheco ressaltou a especificidade com a qual a participação social acontece no CONSEA, seguiu fazendo referência ao texto que chamou de “Uma resistência conservadora à participação social” e finalizou com esclarecimento sobre as ameaças que a democracia sofreu no contexto.

Lembrou que, constitucionalmente, o direito humano à alimentação se dá em 2010. Ele define os princípios de participação social e intersetorialidade, embora seu conceito amplo não se limite a combater a fome. Sobre o diálogo político do conselho — formado por 40 representantes da sociedade civil e 20 governantes —, afirma que a previsão estabelece diálogo baseado em resoluções, dirigidas à presidência e à câmara interministerial, e em recomendações.

Recentemente, havia recebido um ofício do MinC, que mostrou interesse em participar do CONSEA, a fim de aprofundar a perspectiva de nutrição e segurança alimentar. No entanto, poucos dias depois, o Ministério da Cultura seria extinto pelo presidente interino.

Formada em Serviço Social pela Faculdade de Serviço Social de Juiz de Fora (MG) e com mestrado em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maria Emília Pacheco Lisboa é assessora da Federação de Órgãos de Assistência Social e Educacional (FASE) e representante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar (FBSSAN) no CONSEA, órgão que preside desde 2012.

Os antropólogos Moacir Palmeira e John Comerford do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (PPGAS/MN/UFRJ) foram os debatedores convidados.

A atividade integrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”, coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/ UFRJ.

 

 

“A construção da sociedade do trabalho no Brasil: seus desafios hoje”

 

Adalberto Cardoso

 

O sociólogo Adalberto Cardoso esteve presente no Colégio Brasileiro de Altos Estudos para palestra sobre seu livro “A construção da sociedade do trabalho no Brasil: uma investigação sobre a persistência secular das desigualdades” e os desdobramentos atuais da questão trabalhista. “A construção da sociedade do trabalho no Brasil: seus desafios hoje” aconteceu no dia 9 de maio de 2016 e teve como debatedor Alexandre Fortes.  

Doutor em Sociologia pela USP, Adalberto Cardoso é professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ (IESP/UERJ). Especialista em estudos relativos ao mercado de trabalho brasileiro, lançou várias obras acerca do tema, entre elas o livro tema do evento.

O historiador Alexandre Fortes foi convidado para compor a mesa como debatedor. Fortes é diretor do Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ – Campus Nova Iguaçu) e especialista em história do trabalho no século XX.

A atividade integrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”, coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/ UFRJ.

 

 

“O abolicionismo como movimento social” com Angela Alonso

 

2016.05.02 Angela Alonso 37

 

O abolicionismo no Brasil foi tema de palestra no Colégio Brasileiro de altos Estudos no dia 2 de maio de 2016. Na ocasião, a socióloga Angela Alonso foi convidada para discutir a questão em “O abolicionismo como movimento social”.

Professora de Sociologia na Universidade de São Paulo (USP) e presidente do CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), Angela Alonso é autora de diversas publicações acerca do movimento pela abolição da escravidão, entre eles o recente “Flores, votos e balas: O movimento abolicionista brasileiro” (2015) e o premiado “Idéias em movimento; a geração de 1870 na crise do Brasil-Império” de 2002. Defende que o abolicionismo deve ser considerado um movimento social e buscar fazer uma análise política dos seus desdobramentos. Para compor a mesa, foi convidada a antropóloga Giralda Seyferth como debatedora.

A atividade integrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”, coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGS/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/ UFRJ.

 

 

“Comum e comunidade: uma alternativa ao neoliberalismo” com Christian

 

2016.04.18 Christian Laval 41

 

Como atividade do ciclo  “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: história e perspectivas”, foi realizada no dia 18 de abril de 2016 a palestra “Comum e comunidade: uma alternativa ao neoliberalismo”. Na conversa, o sociólogo francês Christian Laval abordou os conceitos de comum, comunidade e neoliberalismo.

Laval é professor de sociologia da universidade Paris-Ouest Nanterre-La Défense. Junto com Pierre Dardot, é autor de “A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal”, obra lançada em abril de 2016 no Brasil pela editora Boitempo. Junto a Dardot também publicou “Marx, prénom: Karl” e “Comum – ensaio sobre a revolução no século XXI”. Atualmente estão escrevendo sobre a radicalização do neoliberalismo após a crise de 2008.

No evento, o sociólogo discutiu sobre como o termo “comum” não é sempre sinônimo de comunidade, conceito que afirma não ter sido bem elaborado pelos pilares das ciências sociais. Ele faz a distinção entre ambos à luz de movimentos sociais de contestação do neoliberalismo, sistema que se beneficia das concepções de participação e de pertencimento de “comum”. O autor conclui que é responsabilidade política da sociedade definir o que deve ser “comum”, visto que não é uma propriedade natural nem técnica.

No livro “Comum”, também relata como a lógica neoliberalista se estabeleceu como sistema. Segundo o sociólogo, o neoliberalismo não deve ser pensado como um outro liberalismo, um retorno a Smith. Faz essa consideração porque o novo se apoia sobre um Estado que também transforma, não se limitando a ação de um Estado mínimo. Para Laval, o neoliberalismo é uma maneira de ação que não diz respeito somente à economia, mas a uma conduta de  racionalidade política.

O evento teve, ainda, a presença do sociólogo Daniel Hirata, professor adjunto do Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense, como debatedor.

A atividade integrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”, coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/UFRJ.

 

“A justiça do trabalho e sua história” com Ângela de Castro Gomes

 

Angela de Castro Gomes

 

Como parte do ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: história e perspectivas”, a historiadora Ângela de Castro Gomes ministrou a palestra “A justiça do trabalho e sua história: o caso recente do combate ao trabalho análogo à de escravo no Brasil”. O evento aconteceu no dia 11/04.

Doutora em Ciência Política e professora de História na UNIRIO, Ângela de Castro analisou o panorama elaborado a partir de um conjunto de iniciativas que lutam para preservação e disposição da documentação da justiça social do trabalho, como faz também no livro “A Justiça do Trabalho e sua história”, o qual organizou com Fernando Teixeira da Silva, doutor em história pela UNICAMP.

Na conversa, ressaltou dois fenômenos que contribuíram para a valorização de processos judiciais como fonte de pesquisa: o reconhecimento da legislação como campo de luta e a compreensão de que a documentação do poder público não funciona apenas como meio para o exercício de justiça, mas como finalidade, por seu caráter de registro das demandas sociais da atuação dos movimentos.

A convidada tem ampla experiência nas áreas de história política e cultural, tendo atuado como editora das revistas Estudos Históricos, Tempo e Revista da Associação Brasileira de História Oral ao longo de sua carreira.

O ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas” é coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/ UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/UFRJ.

 

 

“Etnografias individuais e etnografias coletivas” com Afrânio Garcia

 

2016.03.28Afrnio

 

O trabalho realizado no projeto “Emprego e mudança social no Nordeste” foi tema de palestra no dia 28 de março de 2016. O economista Afrânio Garcia Jr. foi o convidado principal do evento “Etnografias individuais e etnografias coletivas: a contribuição científica e institucional do projeto de ‘Emprego e mudança social no Nordeste’”.

Afrânio Garcia Jr, antropólogo, doutor pelo Museu Nacional-UFRJ, é professor da Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales de Paris (EHESS). Foi diretor do Centro de Pesquisas sobre o Brasil Contemporâneo e atualmente coordena o Grupo de Reflexão sobre o Brasil Contemporâneo, ambos na mesma EHESS. É pesquisador associado ao CBAE.

No projeto, foi experienciada a construção científica coletiva com diversos pesquisadores fazendo parte. Tamanha foi sua amplitude que havia membros de outros estados empenhados na pesquisa.

A atividade integrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”, coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/ UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/ UFRJ.

 

 

“Desafios da agenda democrática para o Brasil Rural” com Caio França

 

Caio Franca

 

Como atividade inaugural do Ciclo de Palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: história e perspectivas”, o pesquisador Caio Galvão França ministrou a palestra “Desafios da agenda democrática para o Brasil Rural”. A atividade aconteceu no CPDA da UFRRRJ dia 21 de março de 2016.

Engenheiro agrônomo, França possui mestrado em Sociologia, além de ser especialista em gestão pública, tendo exercido cargos no Núcleo de Estudos Agrário do Ministério do Desenvolvimento Agrário até integrar o Gabinete Pessoal da ex-presidente Dilma Rousseff.

“Participação social na organização da agenda e na gestão de políticas públicas de desenvolvimento rural — desenvolvimento em debate” e “Comunicação e desenvolvimento rural sustentável” são suas duas obras mais recentes e que serviram de base para o evento.

O ciclo de palestras é coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ), diretores do CBAE/UFRJ.

 

 

Ciclo de Palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos,

 

roteiro de palestras

 

Durante o primeiro semestre de 2016 o Colégio Brasileiro de Altos Estudos realizou o Ciclo de Palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: história e perspectivas”. A unidade se estabeleceu pela preocupação com a construção de diferentes questões públicas. Estas se ligavam a um época de investida de forças políticas conservadoras, visando a restauração do domínio de frações hegemônicas das classes dominantes brasileiras, após um período de avanços sociais significativos.

Em consequência, procurou-se organizar palestras sobre os processos históricos que resultaram em questões sociais recentes assim como anteriores. Dentre as tomadas como recentes estão por exemplo a palestra de Caio França sobre um balanço das políticas públicas para o Brasil rural nos últimos 13 anos; a de Ângela Castro Gomes a respeito do recente combate ao trabalho análogo ao de escravo no Brasil; a de Adalberto Cardoso a respeito dos desafios atuais da sociedade do trabalho no Brasil; ou ainda a de Maria Emília Pacheco sobre os movimentos sociais e o Conselho de Segurança Alimentar (CONSEA) e a de Adriana Vianna e Juliana Farias sobre novos movimentos contra a violência de Estado.

Dentre as que privilegiavam períodos históricos anteriores (mais ou menos longínquos) estão as palestras de Afrânio Garcia Jr. sobre a importância de um projeto de pesquisa envolvendo uma etnografia coletiva da mudança social no Nordeste nos anos 70, um episódio significativo na gênese da pós-graduação em Antropologia Social no Brasil; a de Ângela Alonso sobre o abolicionismo como movimento social (e suas recorrências com processos críticos de confrontos que ocorrem nos anos de 1960 ou nos anos 2000); a de Leonilde Medeiros e a repressão no campo entre 1946 e 1988 apresentando seus resultados de pesquisa para a Comissão Estadual da Verdade; e a de Marilda Menezes sobre a memória dos trabalhadores do ABC paulista de origem nordestina.

Além da comparação entre passado e presente, foi utilizada a comparação entre países. Christian Laval apresentou movimentos e formas de viver alternativos ao neoliberalismo com base na experiência francesa dos últimos anos; José Ricardo Ramalho debateu o filme “O Espírito de 45” de Ken Loach, depois de sua exibição —  documentário que trata da construção do Estado social inglês favorecido com o ímpeto da luta antifascista durante a guerra e a vitória em 1945 do Partido Trabalhista; e Ruben Vega apresentou a sua experiência de pesquisa sobre a memória dos mineiros, metalúrgicos e operários navais das Astúrias, na Espanha, durante o regime franquista.

Finalmente, além da comparação histórica e espacial, o ciclo também apostava no cruzamento das experiências de trabalhadores na cidade e trabalhadores no campo, geralmente tratadas por especialistas distintos e com pouca comunicação entre si, de forma estanque e não simultânea.

Programação

28/03 –

11/04 –

18/04 –

02/05 –

09/05 –

16/05 – 

23/05 – 

30/05 – 

06/06 – 

13/06 – 

27/06 –  

“O livro ‘Quem dará o Golpe no Brasil’ 54 anos depois visto de hoje”

 

2016.04.13 Wanderley Guilherme dos Santos 6

 

A atividade inaugural do Colégio Brasileiro de Altos Estudos do ano de 2016 foi marcada pela lembrança de um livro feito em 1962 que fazia uma análise de conjuntura que apontava quais seriam os responsáveis de um possível golpe de Estado. Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político e autor de “Quem dará o golpe no Brasil?”, falou sobre o livro e fez uma comparação entre o período pré-ditatorial e a conjuntura pré-impeachment de Dilma Rousseff. A historiadora Dulce Pandolfi compôs a mesa do debate.

Realizada em 13 de abril de 2016, “O livro ‘Quem dará o golpe no Brasil?’ 54 anos depois visto de hoje” tinha como principal objetivo revisitar os anos 60. Através da lembrança das considerações de Guilherme dos Santos, em 1962 – quando ele tinha 27 anos -, poderia também se discutir a complicada situação do ano de 2016.

Wanderley Guilherme dos Santos é graduado em filosofia pela UFRJ e doutor em ciência política pela Universidade Stanford (EUA) e seus estudos se direcionam para a temática da Teoria da Democracia. Por conta de trabalhos como o precoce livro de 1962, é considerado um dos maiores especialistas brasileiros na área.

Na palestra, o pesquisador começou fazendo uma comparação entre a situação política do Brasil pré-impeachment com o pré-ditadura. Naquela altura, evitou fazer prognósticos, como fez em “Quem dará o golpe no Brasil?”, ressaltando a imprevisibilidade. No entanto, fez uma análise conjuntural do momento em que o país vivia.

Destacou, inicialmente, dois pontos divergentes entre os períodos: o primeiro ponto foi a ausência de um envolvimento partidário militar no processo de impedimento de Dilma, já o segundo era relativo a falta de uma base política representativa contrária ao golpe militar. Segundo Wanderley, “a sociedade, majoritariamente, não estava compartilhando dos conflitos e a consequência foi que em 48 horas se deu um golpe de Estado sem nenhuma reação significativa”. Em comparação com a sociedade civil do início dos anos 60, a atual apresenta uma complexa rede de associações de todos os tipos que cresceu desde os anos 80 e que, segundo ele, certamente tornará a luta contra o golpe de 2016 mais renhida, espalhada e imprevisível.

Ao focar no Brasil mais recente, o pesquisador afirmou que Dilma assumiu o governo já com grandes desafios desestabilizadores. A escassez de recursos e o desencadeamento do conflito distributivo davam o tom e, para isso, foram seguidas duas estratégias divergentes: expansão das políticas sociais e medidas de austeridade. Junto a isso, a falta de habilidade política da presidenta e a eleição daquela que Wanderley considerou “uma das mais medíocres e corruptas” Câmara de Deputados da história do Brasil.

Dulce Pandolfi, doutora em História pela UFF, foi convidada como debatedora do evento e levantou questões acerca da publicação de 62. Pandolfi lembrou que dos Santos estava certo de que aconteceria um golpe, ainda que parte da esquerda brasileira não acreditasse. A doutora destaca, principalmente, a aposta do autor de que seriam os movimentos sociais que lutariam pela redemocratização do país. Pandolfi concluiu questionando: e dessa vez, haverá luta caso haja golpe?

Apesar do otimismo que Wanderley dizia conservar, cerca de um mês depois, o processo de Impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff seria aberto e, no dia 29 de agosto de 2016, ela seria definitivamente afastada. Com algumas atitudes do governo Temer, disse, em entrevista ao portal Sul21, que o considerava pior que os golpistas militares.