Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Mudanças Climáticas: a

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Foto: Eneraldo Carneiro/FCC

 

“Mudanças climáticas: a perspectiva da ecologia de águas interiores em um mundo em transformação” (Vera Huszar)

A terceira aula do módulo II do curso, realizada em 23 de setembro, foi ministrada por Vera Huszar, especialista em ecologia aquática, macroecologia e balanço de carbono. A professora do Museu Nacional começou sua exposição apresentando definições importantes no campo da ecologia, como as noções de população, comunidade e ecossistema, além de retomar alguns aspectos importantes da dinâmica do clima.

Em seguida, Vera mostrou de que maneira os ecossistemas aquáticos participam dos ciclos biogeoquímicos da Terra, com foco sobretudo nos processos ocorridos nas águas interiores (mares fechados, lagos e rios). Se, de um modo geral, os impactos mais significativos das mudanças climáticas nos mares e oceanos dizem respeito à perda de biodiversidade marinha, devido a processos como a acidificação dos oceanos e o branqueamento dos corais, nas águas interiores o maior perigo está no aumento da população de cianobactérias, algumas das quais produzem toxinas altamente prejudiciais à saúde humana. Tais populações têm crescido sobremaneira nos últimos anos, devido à sua impressionante capacidade de adaptação e à maior disponibilidade de nutrientes – principalmente de nitrogênio e potássio, presentes nos fertilizantes agrícolas e nos dejetos dos grandes centros urbanos, que atingem os corpos hídricos.

A especialista lembrou que a noção de “desastre” se refere a eventos que geram danos capazes de alterar o funcionamento social. Nesse sentido, dois graves desastres registrados no nordeste brasileiro, região com grande incidência de cianobactérias nos reservatórios de água, mostram o perigo da contaminação causada por cianotoxinas. O primeiro deles aconteceu na cidade de Itaparica, Bahia, em 1988, quando o consumo de água contaminada causou a morte de 86 pessoas e provocou a intoxicação de mais 200. O segundo, por sua vez, ocorreu em Caruaru, cidade do agreste pernambucano, em 1996, ocasionando a morte de 76 pessoas; a toxina produzida pelas cianobactérias foi encontrada nas amostras da água que aquelas pessoas haviam consumido. Depois dos episódios, o monitoramento das cianobactérias nos reservatórios passou a ser exigido na legislação sobre potabilidade da água. Mais recentemente, ainda, estudos apontaram que as cianotoxinas podem ter agravado os surtos de microcefalia decorrentes de infecção pelo vírus da zika.

Vera concluiu sua exposição afirmando que, para além da urgente necessidade de frear o aquecimento global, o aumento das populações de cianobactérias deve ser contido por medidas efetivas de saneamento e combate à poluição, além da restrição do uso de fertilizantes agrícolas. Ela salientou também a importância de haver mais investimentos em pesquisa e monitoramento, essenciais para a compreensão dos reais efeitos das mudanças climáticas sobre os diversos meios hídricos.

O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada pela professora, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di.

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Mineração e conflito

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Foto: Eneraldo Carneiro/ FCC
 
“Mineração e conflito ambiental: uma estória sobre dois desastres” (Rodrigo Santos)
 
A segunda aula do módulo II do curso, realizada no dia 16 de setembro, foi ministrada por Rodrigo Santos, professor do Departamento de Sociologia e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ.

Com abordagem mais concentrada no problema dos desastres que no das mudanças climáticas, Rodrigo apresentou um panorama da atividade da indústria mineradora no Brasil e no mundo, tratando dos processos de extração, comercialização e consumo sobretudo do ferro e da bauxita, minérios largamente explorados no Brasil. O professor explicou que, com o aumento exponencial da demanda por minérios pela China, nos idos de 2003, a indústria mineradora viu sua rentabilidade aumentar vertiginosamente; e mesmo com o arrefecimento na demanda causado pela crise mundial de 2008, essa atividade continua ainda hoje sendo bastante lucrativa.

Porém, a mineração gera impactos socioambientais os mais diversos e nocivos, tanto no que diz respeito aos processos de extração quanto à logística de transporte e mesmo ao uso dos minérios em usinas siderúrgicas e metalúrgicas – impactos esses que as indústrias não reportam em sua totalidade. Além disso, para manter o patamar dos altos lucros dos anos 2000, empresas como a Vale e a Samarco terminaram por negligenciar alguns aspectos fundamentais relacionados a segurança e manutenção de suas instalações, sobretudo as barragens de rejeitos; é nessa negligência que podemos encontrar as condições para ocorrência dos rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho, causando desastres socioambientais sem precedentes na história do Brasil.
O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada pelo professor, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di

UFRJ faz 100 anos

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Evento: “UFRJ faz cem anos” Lançamento das comemorações dos 100 anos da UFRJ e a celebração dos 15 anos do Colégio Brasileiro de Altos Estudos.

Contou com a participação da Reitora Denise Pires de Carvalho, da Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura Tatiana Roque, da Diretora do CBAE Ana Célia Castro, do ex-Ministro do Planejamento e da Fazenda Nelson Barbosa, da professora do PPGSA/UFRJ e membro da Associação Brasileira de Ciências, Elisa Reis e do professor titular e diretor adjunto de pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas e membro da ABC, Stevens Rehen.

Lançamento das comemorações dos 100 anos da UFRJ e 15 anos do Colégio

 

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Fotos: Eneraldo Carneiro/FCC

 

Na quinta-feira, dia 12 de setembro às 18h, foi realizado no Salão do CBAE o lançamento das comemorações dos 100 anos da UFRJ e a celebração dos 15 anos do Colégio Brasileiro de Altos Estudos.

A Reitora Denise Pires de Carvalho e a Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura Tatiana Roque fizeram o lançamento das comemorações do centenário, apontando as atividades e reflexões necessárias para recuperarmos a memória da universidade, fazermos um balanço dos desafios do presente e projetarmos o papel que queremos ter no futuro do país.

 

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A comemoração dos 15 anos do CBAE foi apresentada pela Diretora Ana Célia Castro, que moderou a mesa “Novos Paradigmas”, com a participação de Nelson Barbosa, Elisa Reis e Stevens Rehen. Nelson Barbosa, ex-Ministro do Planejamento e da Fazenda entre 2015 e 2016, falou sobre “O novo Pacto Verde” relacionando as atuais questões ambientais com perspectivas da economia. Elisa Reis, Professora do PPGSA/UFRJ e membro da Associação Brasileira de Ciências, discorreu sobre “As Ciências Sociais e o desafio de pautar o progresso”. Stevens Rehen, professor titular e diretor adjunto de pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas e membro da ABC abordou “As reflexões de um cientista brasileiro sobre a necessidade de se reinventar”.

 

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Para saber mais sobre o evento, acesse: https://bit.ly/2kHkPVs

 

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Processos físicos associados

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Foto: Eneraldo Carneiro/ FCC

 

“Processos físicos associados ao sistema climático terrestre” (José Ricardo de Almeida França)

Na aula do dia 9 de setembro, parte do módulo II do curso, o professor José Ricardo de Almeida França, especialista em meteorologia e climatologia,  apresentou os processos físicos que participam das dinâmicas climáticas da Terra.

Sua exposição começou com a explicação de conceitos importantes que costumam ser confundidos – como por exemplo a diferença entre tempo e clima, e entre variabilidade climática e mudança climática. Em seguida, o professor tratou da complexidade da atividade atmosférica, abordando a questão com ênfase no seu tema atual de pesquisa: a participação dos aerossóis na temperatura e na formação das nuvens.

Na sequência, José Ricardo apresentou as evidências do caráter antropogênico das mudanças climáticas do ponto de vista da física, mostrando também que os graves impactos desse problema não aparecem apenas nas projeções dos modelos climáticos: em muitas partes do Brasil e do mundo, eles já estão acontecendo. É o caso por exemplo da redução generalizada do volume de precipitação observado em todo o Brasil nas últimas décadas.

O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada pelo professor, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di

 

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Mudanças Climáticas, ameaças

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“Mudanças climáticas, ameaças naturais e riscos socioambientais: como enfrentar?” (Ana Luiza Coelho Netto)

A terceira aula do módulo I do curso, realizada dia 02 de setembro, foi ministrada por Ana Luiza Coelho Netto, professora titular do Departamento de Geografia do IGEO/UFRJ e coordenadora do GEOHECO – Laboratório de Geo-Hidroecologia e Gestão de Riscos, na mesma instituição.

Ana Luiza mostrou que as condições geográficas do estado do Rio de Janeiro o tornam suscetível a episódios de chuvas torrenciais, sobretudo na região serrana. No entanto, interferências antrópicas como o desmatamento das áreas florestais vêm causando profundas mudanças no ciclo hidrológico, concentrando as chuvas sobretudo no verão e tornando-as mais intensas.

Diante desse cenário, muitos consideram os desastres decorrentes de chuvas extremas, registrados desde o século passado, como “naturais”, como se fossem tragédias inevitáveis. Porém, ao observar o contexto em que tais desastres acontecem, vemos que fenômenos extremos tendem a se tornar calamidades quando as populações suscetíveis se veem desprovidas dos meios de se preparar para as intempéries. Nesse sentido, é verdade que os fenômenos extremos são naturais, mas os desastres são socioambientais, pois a magnitude das consequências sobre as populações afetadas é determinada pelo contexto socio-espacial em que tais grupos se inserem.

Para ilustrar tal afirmação, Ana Luiza apresentou o caso da catástrofe de Nova Friburgo, ocorrida em 2011, região onde desde então ela vem desenvolvendo, junto a outros pesquisadores e a população local, o projeto chamado “REGER-CD: Rede de Gestão de Riscos da Bacia do Córrego Dantas”. A rede, implementada em caráter piloto na bacia que dá nome ao projeto, reúne agentes públicos, privados e comunitários na busca da redução dos riscos geo-hidrológicos e na criação de uma cultura de convivência com as chuvas fortes. O trabalho é desenvolvido com foco no protagonismo e autonomia das comunidades afetadas, para que elas participem ativamente do planejamento de políticas públicas e da gestão territorial na região.

O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada por Ana Luiza, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di

 

Lançamento do Livro “Museus Indígenas e Quilombolas”

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O Memov (Programa de Memória dos Movimentos Sociais) do CBAE/UFRJ vai receber os autores do livro Museus Indígenas e Quilombolas – a mais recente publicação do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia -, para apresentação de seu conteúdo e debate com o público. 

O evento acontecerá na próxima quinta-feira, dia 29/08, às 15:30h, na sede do CBAE, na Av. Rui  Barbosa, 762, no Flamengo. 

Estarão presentes:

Alfredo Wagner (PNCSA);

Camila do Valle (UFRRJ);

Cynthia Carvalho Martins (PPGCSPA/UEMA);

Dorinete Serejo, (Quilombola e membro do MABE);

Ednaldo Padilha (Quilombola Camaputiua);

Nice Machado Aires (Quilombola e Quebradeira de Coco Babaçu – ACONERUQ);

Patrícia Portela (PPGCSPA/UEMA).

 

Contamos com a presença de todos!

 

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | O clima faz história: atores

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Foto: Eneraldo Carneiro/FCC 
 
 

“O clima faz história: atores e conceitos em disputa nas negociações climáticas” (Lise Sedrez)

A segunda aula do módulo I do curso, realizada dia 26 de agosto, foi ministrada por Lise Sedrez, professora do Instituto de História da UFRJ e coordenadora do PPGHIS.

A especialista em História Ambiental e Urbana mostrou que as discussões internacionais sobre os impactos da ação humana no meio ambiente têm uma história. Nesse sentido, as mobilizações ambientais que vêm tendo lugar no mundo todo desde meados do século XX precisam ser pensadas também à luz das disputas políticas, dos paradigmas científicos, dos interesses econômicos e da maneira como a percepção da relação entre sociedade e natureza vem mudando ao longo do tempo.

Lise mostrou que as primeiras discussões internacionais sobre essa relação remontam à grande preocupação com os recursos naturais que emergiu após a II Guerra Mundial. Se inicialmente o debate se restringia sobretudo à comunidade científica, diversos acontecimentos – como acidentes industriais, a descoberta dos efeitos nocivos de produtos como pesticidas e a possibilidade de eclosão de uma guerra nuclear – contribuíram para que a sociedade como um todo atentasse para o impacto das ações humanas no meio ambiente, buscando formas de conciliar a necessidade de desenvolvimento socioeconômico com a preservação ecológica.

Especificamente no que diz respeito às mudanças climáticas, a especialista apresentou um panorama dos conceitos e disputas que vêm pavimentando o debate sobre o problema, desde as primeiras conferências internacionais em que a preocupação emergiu até o Acordo de Paris, em vigor desde 2015. Lise mostrou, por fim, que os entraves para uma ação efetiva de enfrentamento das mudanças climáticas não se devem apenas à dificuldade de modificar as bases industriais e econômicas que sustentam o modo de vida industrial, mas também à de compreender a complexidade envolvida na própria prática científica – principalmente quando tal prática se faz com base em projeções, incertezas e probabilidades, como é o caso das ciências do clima.

O material de apoio dessa aula, assim como os relatórios e artigos científicos recomendados por Lise, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Mudanças Climáticas: o que já

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Foto: Eneraldo Carneiro/FCC 

 

“Mudanças climáticas: O que já sabemos?” (Roberto Schaeffer)
 
A primeira aula do módulo I do curso, realizada dia 19 de agosto, foi ministrada por Roberto Schaeffer, professor da COPPE especialista em planejamento energético e mudanças climáticas. 
 
Diante dos mais de 120 participantes que lotaram o salão do CBAE, Schaeffer explicou as dinâmicas físicas e bioquímicas que influenciam diretamente a estabilidade do clima do planeta, mostrando também as evidências científicas de que esse equilíbrio vem sendo ameaçado pelo impacto de diversas atividades humanas – entre elas, notadamente a emissão de gases de efeito estufa decorrente da queima de combustíveis fósseis e de outros processos industriais.
 
O professor apresentou, ainda, um panorama dos desafios envolvidos nas soluções tecnológicas e nas negociações políticas que vêm sendo propostas para evitar o aumento da temperatura média global acima do limite de 1,5º C, considerado seguro (ou, como seria melhor dizer, menos inseguro) pela comunidade científica internacional.
 
O material de apoio dessa aula, assim como os relatórios e artigos científicos recomendados por Schaeffer, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di

 

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Sessão inaugural

 

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Foto: Eneraldo Carneiro/FCC

O auditório Pedro Calmon ficou lotado no dia 12 de agosto durante a sessão inaugural do ciclo de palestras “Desastres e Mudanças  Climáticas: construindo uma agenda“. Cerca de 250 pessoas compareceram ao evento, além daqueles que acompanharam a transmissão ao vivo pela página do CBAE no Facebook.

Para debater as implicações da mudança climática sobretudo para o Brasil, convidamos Eduardo Viveiros de Castro, Suzana Kahn Ribeiro e André Trigueiro.

O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro é professor titular do Museu Nacional/UFRJ, autor de trabalhos considerados fundamentais para a etnologia americanista e, recentemente, escreveu, junto com a filósofa Déborah Danowski, o aclamado Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins (Cultura e Barbárie, 2014), tratando da catástrofe ecológica.

A engenheira Suzana Kahn Ribeiro é professora titular da COPPE/UFRJ com reconhecida experiência em planejamento de transporte, mobilidade sustentável, energia renovável e mudança climática. Recém-empossada como vice-diretora da COPPE, atualmente também preside o comitê científico do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e coordena um capítulo do 6º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que tem lançamento previsto para 2021.

O jornalista André Trigueiro, um dos maiores especialistas em jornalismo ambiental do Brasil, foi o debatedor da sessão. Além de ser editor-chefe do programa “Cidades e Soluções”, exibido na Globo News, ele é professor na PUC-Rio e na COPPE/UFRJ e autor de diversos livros sobre questões ambientais e sustentabilidade.

Para mais informações sobre o curso, acesse: https://bit.ly/2yZv3UM