Nessa sessão estão catalogados os eventos do ano de 2013. Em cada página há uma descrição da atividade, além de vídeos, áudios e uma galeria de fotos.
Autor: Lucas Gomes dos Santos Rocha
Com a participação de John French, Alexandre Fortes e Stephanie Reist, o CBAE realizou a palestra “Avanços e desafios na expansão do ensino superior: reflexões a partir do caso da Baixada Fluminense”, no dia 22 de setembro de 2016. Na conversa, foram abordados o quadro de marginalização da Baixada Fluminense e, ao mesmo tempo, dos impactos da ampliação de instituições universitárias na criação de novas oportunidades educacionais e de profissionalização e no desenvolvimento da região.
Brasilianista, French é doutor em história do Brasil pela Universidade Yale e professor de História na Universidade Duke. Tem interesse por temas relacionados à classe trabalhadora, escravidão, legislação, política, economia e cultura popular na América Latina. É autor dos livros “O ABC dos operários: conflitos e alianças de classe em São Paulo (1900-1950)” e “Afogados em Leis: a CLT e a cultura política dos trabalhadores brasileiros” e, desde 2005, trabalha em uma biografia do ex-presidente Lula.
Diretor do Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu da UFRRJ, Fortes possui doutorado em História pela UNICAMP. Sua área de pesquisa abrange a história do trabalho, história da esquerda e movimentos sociais na América Latina. Atualmente integra a Red Latinoamericana de Historia Global. Já Reist é estudante de doutorado em Estudos Latino-Americanos na Universidade Duke, onde pesquisa a ocupação urbana no Brasil e na Colômbia. Trabalhou no Projeto Raízes Locais, um projeto comunitário gerido pela Associação Terra dos Homens, em Duque de Caxias, analisando a dinâmica centro-periferia, pertencimento, cidadania e direitos sobre a terra.
Os pesquisadores apresentaram o panorama inicial do estudo sobre o tema, fruto da parceria da Universidade Duke (EUA), que French e Reist integram, com o Instituto Multidisciplinar da UFRRJ, do qual Fortes é o diretor. No projeto “The Cost of Opportunity: Higher Education and Social Mobility in the Baixada Fluminense”, foi organizada uma equipe com estudantes de graduação e pós-graduação de Duke e do IM/UFRRJ para conhecer melhor os efeitos provocados pela expansão universitária na região, inspirados na realidade do IM/UFRRJ, de Nova Iguaçu, que completa dez anos em 2016.
Os convidados destacaram a importância da concretização do espaço universitário para a inserção de novos sujeitos sociais e para uma mudança cultural na região. A Baixada Fluminense é uma localidade muito marginalizada, que sofre com o estigma de violência e da ausência de garantia um futuro para os seus moradores. Para os pesquisadores, a presença de um polo de ensino superior seria capaz de desenvolver a região e trazer esperanças para os jovens que lá residem.
De acordo com French, esses foram fatores considerados pela Duke University ao escolher o IM para ser contemplado pela iniciativa. Segundo Fortes, há dificuldade dos jovens da localidade acreditarem que é possível o ingresso na universidade, mas que essa realidade vem mudando e o IM acaba por receber muitos jovens que são os primeiros da família a ingressar no Ensino Superior.
Considerada uma instituição historicamente voltada para elite branca sulista, a Universidade Duke passa pela mesma experiência de ter alunos de “primeira geração”. Por conta disso, houve, segundo Reist, uma identificação entre os alunos do projeto vindos de Duke e da UFRRJ.
Com base nisso, French reiterou a necessidade de qualificar seus alunos ao declarar que a ambição social é combustível para rebeldia. A partir disso, eles lutariam por uma melhor qualidade de vida e pela concretização dos sonhos. Nesse contexto, French fez uma comparação com a história do ex-presidente Lula, sobre o qual o historiador escreve biografia. Segundo ele, a partir do ingresso no SENAI, o ex-operário pôde sonhar mais alto. Entrou pro sindicato, comandou mobilizações, até chegar à presidência.
Ao serem questionados pelo público presente, os pesquisadores demonstraram preocupação com a atual situação política do Brasil. Segundo eles, com as mudanças propostas pelo atual governo, o direito ao acesso ao ensino superior e a gratuidade das universidades públicas estão ameaçadas.
Tendo por referência a experiência dos institutos de estudos avançados de universidades estadunidenses e europeias, as universidades brasileiras, desde a USP em 1986, têm procurado encontrar seu próprio caminho na constituição destes centros produtores de ideias de vanguarda e de caráter interdisciplinar.
Com esta função, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, procurará articular e dar guarida a especialistas da UFRJ e de outras universidades em grupos de pesquisa em torno de polos temáticos transversais. Além disso, estes polos terão em comum um caráter de centro de documentação e produção de acervos, utilizando-se para isso da tecnologia digital disponibilizada para o conjunto das atividades do CBAE, bem como de recursos do Fórum de Ciência e Cultura, centro universitário ao qual pertence.
Contato:
(55) (21) 2552-1048 e 2552-1195
cbaeforum.ufrj.br
Nessa categoria é possível encontrar registros multimídia dos eventos realizados pelo CBAE desde 2012. São vídeos, áudios, fotografias e textos disponíveis para consulta online, sobre temas de diferentes campos do conhecimento. Aqui, promovem-se congressos, colóquios, exposições e programas que atingem a premissa de fomentar o intercâmbio científico, cultural e artístico.
Utilizando tecnologia digital, nos aproximamos do caráter de centro de documentação e produção de acervo planejado pela instituição. A disseminação dos saberes, acreditamos, proporciona reflexão propositiva sobre o futuro ao estabelecer um encontro entre as sociedades civil e científica.
O CBAE conta com apoio de diversos institutos para a realização de seus eventos. Esses podem ser encontrados na página .
Por iniciativa do Museu de Antropologia da Universidade da Columbia Britânica, do Canadá, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos recebeu um seminário sobre o papel dos museus na cidadania. Para isso, reuniu inúmeros pesquisadores da área em duas mesas redondas no dia 19 de agosto de 2016: “Práticas museológicas alternativas na produção de conhecimento” e “Experiências de museologia como prática cidadã”.
O evento consistiu de duas mesas redondas. A primeira abordou as práticas museológicas alternativas na produção de conhecimento; enquanto a segunda mesa chamou-se “Experiências de museologia como prática cidadã”. Ao longo do dia, foram feitas diversas análises sobre o amplo quadro que possibilitou a formação dos museus, bem como que tipo de carência os atingiu no passado e no presente. Ressaltou-se a importância da representação histórica para a sociedade, e como a própria sociedade civil tem ocupado o espaço museológico.
No ato de abertura, os organizadores abriram espaço para a troca de opiniões e reflexões sobre o processo político enfrentado no momento e alternativas à ele. Nuno Porto, curador do Museu de Antropologia da UBC, considerou o momento como decisivo para que os intelectuais brasileiros se posicionassem na luta.
O golpe ocorrido no Brasil foi tema de debate realizado no dia 1º de Junho de 2016 no Colégio Brasileiro de Altos Estudos. “Democracia e Questões Capitais: Por que Golpe?”, contou com a participação de James Green, Fabiano Guilherme Mendes Santos, Jeferson Scabio e Yasmin Motta. O objetivo da conversa era entender por que a situação que o Brasil passava podia ser entendida como um golpe.
Green é professor de história e estudos brasileiros da Universidade de Brown e preside o New England Council on Latin American Studies. Fabiano Santos é professor de Ciência Política do IESP-UERJ e editor associado da Journal of Politics in Latin America. Scabio cursa doutorado em Antropologia Social no PPGAS/UFRJ e é especialista em violência urbana e segurança pública. Yasmin Motta é estudante de Ciências Sociais do IFCS e faz parte do Centro Acadêmico de Filosofia e Ciências Sociais (CAFILCS).
O evento fez parte do ciclo de debates “Democracia e Questões Capitais” organizado pelo PPGAS/UFRJ acerca da conjuntura política do país.
A palestra “Movimento operário nas Astúrias” aconteceu no dia 27 de junho de 2016 e encerrou o ciclo de palestras “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas”. Comandado pelo historiador espanhol Rubén Vega, o evento tratou sobre a luta dos trabalhadores da região das Astúrias. Como debatedoras, foram convidadas Elina Gonçalves e Marta Cioccari.
Formado na Universidad de Oviedo e autor de inúmeros livros sobre o tema, Vega possui especialização no estudo do movimento operário em Astúrias, tanto no período pós-Franco quanto no de desindustrialização da cidade. Dirige o “Archivo de Fuentes Orales para la Historia Social de Astúrias” (AFOHSA), responsável por recolher, conservar e difundir a experiência dos trabalhadores da cidade.
As debatedoras foram Elina Gonçalves e Marta Cioccari. A antropóloga Elina Gonçalves, além da ampla experiência de estudo no campo de trabalho e resistência operária, dirige o Arquivo de Memória Operário do Rio de Janeiro da UFRJ. Cioccari é jornalista e antropóloga, e atualmente é pesquisadora associada ao Programa de Memória dos Movimentos Sociais (MEMOV), do CBAE, e professora do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
O ciclo “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: História e Perspectivas” foi coordenado por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA/IFCS/UFRJ).
O Programa de Memória dos Movimentos Sociais reúne acervos digitais através da plataforma Atom (www.memov.com.br), propondo-se a abrigar acervos produzidos por instituições e pesquisadores acadêmicos – resultados de pesquisas, eventos, acervos pessoais-, assim como de entidades e associações de movimentos sociais. O Memov pretende resgatar e preservar experiências relacionadas à organização e atuação de trabalhadores e de outros grupos sociais no contexto brasileiro. Desta forma, busca não apenas estimular pesquisas acadêmicas, mas também contribuir para a transmissão de experiências entre diferentes gerações de ativistas dos movimentos sociais e populares. Essa transmissão, como se sabe, enfrenta historicamente os desafios dos escassos registros escritos e orais e da perecibilidade da documentação existente.
O programa foi constituído em 2014, a partir da gestão do Colégio Brasileiro de Altos Estudos da UFRJ, visando o trabalho em rede de diversos núcleos e instituições. Os resultados do projeto de pesquisa “Movimentos Sociais e Esfera Pública: impactos e desafios da participação da sociedade civil na formulação e implementação de políticas governamentais” coordenado por José Sergio Leite Lopes e Beatriz Heredia, e realizado a partir de uma parceria do Colégio Brasileiro de Altos Estudos com a Secretaria-Geral da Presidência da República e apoio da FAPERJ, constituíram o primeiro material do Memov.
Outras iniciativas do CBAE, como organização de eventos que dialogam com os objetivos do Memov, têm constituído importante material na constituição dos acervos.
Maiores informações no site do programa.
O Programa História da Ciência no Brasil, ainda em constituição, tem como o objetivo servir de polo aglutinador de pesquisadores de diferentes instituições na consecução do intercâmbio entre historiadores e produtores de ciência, procurando um envolvimento das diferentes especialidades científicas, bem como dos estudiosos de outros centros universitários de pesquisa (como Casa Oswaldo Cruz, MAST, USP etc.). Neste sentido, o programa está sendo delineado para atuar em frentes e com atividades diversas. A proposta é que o programa comporte fóruns de pesquisadores em história da ciência, produção de acervo de guia de fontes nacionais e internacionais, recepção de professores visitantes e organização de séries específicas de eventos.
Eventos que já foram realizados no âmbito do programa:
Estão previstas duas frentes de atuação:
• Convênio com o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST): estabelecer colaborações com o projeto interinstitucional em andamento “História Social da Ciência e Formação Científica no Brasil (1951-2011)” cujo objetivo é criar uma base de dados fidedigna sobre os beneficiários de auxílios e bolsas de especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado, desde a segunda metade do século XX, com base nos arquivos do CNPq e da CAPES, referindo-se tanto aos indivíduos agraciados quanto aos organismos em que desenvolviam suas atividades ao receberem o apoio das agências de fomento. Também com o MAST, o CBAE irá colaborar no dicionário biográfico dos cientistas brasileiros cujo projeto está sendo delineado naquela instituição.
• Projeto Brasil Visto de Fora: em constituição, propõe-se a realizar pesquisa sobre os centros e estudiosos estrangeiros sobre o Brasil. Este projeto tratará de um aspecto delimitado da história da ciência, focado nas relações internacionais entre pesquisadores e na circulação internacional de ideias, com ênfase nas ciências humanas realizada no exterior. Para tanto, repertoriar a produção nos últimos sessenta anos no mundo internacional e provocar debates sistemáticos sobre sua contribuição, constituem elementos do projeto que permitem aprofundar o conhecimento do mundo social e humano no país e entender melhor o lugar que o Brasil passa a ocupar como centro de interesse pelas mais variadas ciências humanas e sociais. Neste projeto pretende-se fazer uma sistematização histórica e contemporânea de uma série de dados: 1) centros de pesquisa e especialistas estrangeiros estudiosos sobre o Brasil cuja lista ainda está para ser feita, bem como uma avaliação de suas respectivas contribuições em diferentes disciplinas; 2) bases já existentes em países europeus (França, Alemanha, Grã-Bretanha) sobre teses de doutorado defendidas nesses países sobre o Brasil cujo repertório pode fornecer indicações preciosas sobre orientadores de teses voltadas para o Brasil, instituições que priorizam tal interesse e mesmo fontes financiadoras do esforço de pesquisa; 3) levantamento do conjunto de pesquisas e pesquisadores envolvidos nas associações internacionais (BRASA e LASA) com forte iniciativa de pesquisadores e instituições estadunidenses; 4) base de dados sobre revistas em ciências humanas e sociais voltadas para publicação sobre o Brasil e a América Latina. Outra ação importante refere-se à necessidade de um estudo sobre diferentes gerações de brasilianistas. Tomaremos como ponto de partida o livro de José Sebe Bom Meihy “A Colônia dos Brasilianistas; história oral de vida academica” (1999) que entrevistou 32 pesquisadores das gerações de pioneiros dos brasilianistas norte-americanos nos anos 80 e 90. Procuraremos fazer uma análise das diferentes gerações de brasilianistas, através tanto da constituição do inventário mutante de seus pesquisadores e instituições em vários países, quanto de entrevistas com uma amostra representativa de pesquisadores das gerações seguintes às tratadas por Sebe Bom Meihy. Além da constituição de acervo específico e da realização de entrevistas, planeja-se organizar um encontro sobre e com tais pesquisadores.