Nessa sessão estão catalogados os eventos do ano de 2018. Em cada página há uma descrição da atividade, além de vídeos, áudios e uma galeria de fotos.
SEGUE ABAIXO PARECER ELABORADO POR JOSÉ SERGIO LEITE LOPES PARA A COMISSÃO DE ENSINO E TÍTULOS DO CONSUNI:
Parecer da Comissão de Ensino e Títulos do CONSUNI da UFRJ para a concessão do título de Doutor Honoris Causa da UFRJ a Martinho da Vila.
Conforme resolução do CONSUNI da UFRJ, de 1994, o título de Doutor “Honoris Causa” poderá ser concedido a personalidades nacionais e estrangeiras de alta expressão. Em outro trecho de documento desta universidade é dito que o título é atribuído a uma personalidade de reconhecido saber ou pela atuação em benefício das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou da melhor convivência entre os povos. Embora a trajetória biográfica de Martinho da Vila seja diferente daquela da imensa maioria da lista de 337 nomes de títulos desta modalidade concedidos pela UFRJ ao longo de sua história até março deste ano, ela no entanto atende aos requisitos acima citados. A concessão do título é um indicador dos critérios de privilegiamento que a universidade quer atribuir a personalidades que têm determinadas qualidades; ser dirigente de tal país, ser autoridade de tal ou qual instituição nacional; ser profissional de tal área disciplinar. Atribuir o titulo a uma personalidade que se distingue por ser um expoente da cultura popular, por sua militância contra o racismo e pela promoção da população afro-brasileira, bem como na aproximação entre o Brasil e a África lusófona, é um ato significativo da universidade dos dias de hoje, que almeja a diversidade e a inclusão em um ambiente recentemente tornado hostil.
O pedido de concessão do título de Doutor Honoris Causa ao compositor, cantor e escritor Martinho da Vila tem origem no Departamento de Letras Vernáculas da Faculdade de Letras da UFRJ através de requerimento assinado pela chefe de departamento, Profa. Mônica Genelhu Fagundes. Pelo Departamento o parecer (intitulado “Justificativa Detalhada”) foi dado pela Professora Titular de Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, Carmen Lúcia Tindó Secco. Pela Congregação da Faculdade de Letras deram pareceres os Professores Titulares Godofredo de Oliveira Neto e João Baptista de Medeiros Vargens. Todos pareceres circunstanciados favoráveis e aprovados por unanimidade. No Centro de Letras e Artes o parecer favorável foi dado pela professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Maria Julia de Oliveira Santos e aprovado pelo Conselho de Coordenação do Centro de Letras e Artes. O processo também contém um memorial de próprio punho do homenageado.
Nos citados pareceres anteriores na Faculdade de Letras e no CLA já foram realçadas as qualidades de Martinho da Vila que justificam a concessão do título:
– por ser um compositor de vasta e renomada obra musical de cultura popular;
– por ser um escritor de literatura infanto-juvenil e de romances;
– por sua importância na luta contra o racismo e na promoção das populações afrodescendentes brasileiras;
– por sua atuação há várias décadas como embaixador informal na relação entre o Brasil e a África lusófona;
– por ser um promotor constante da aproximação entre músicos africanos lusófonos e músicos brasileiros.
– e, em consequência disto, ter sido objeto de várias teses acadêmicas e ter sido conferencista convidado por diversos setores da própria UFRJ, evidenciando implicitamente um notório saber.
Martinho da Vila é assim um personagem que por sua trajetória tornou-se um mediador entre a cultura popular e a erudita, por suas qualidades bi-culturais de mestre popular e de ídolo da indústria cultural, o que potencializou sua atuação na promoção da cultura popular e na militância contra o racismo na sociedade brasileira. E ao mesmo tempo alargou seu raio de ação à aproximação da cultura popular brasileira com a da África lusófona desde as lutas anticoloniais ali travadas, tornando-se uma referência desta aproximação.
Gostaria de destacar o simbolismo específico na concessão desse título ao renomado compositor que tem uma trajetória originária do mundo rural fluminense serrano, que passa pelos bairros populares cariocas, até sua profissionalização na cultura popular e na indústria cultural. O episódio da compra da fazenda em que seus pais e antepassados trabalharam no município de Duas Barras e sua transformação em centro cultural de guarda de seu acervo de artista popular famoso já mostra a potencialidade de inversão das hierarquias sociais que tem a trajetória de Martinho da Vila.
Este simbolismo é tanto maior quanto a concessão deste título se dá num período em que a universidade pública vem passando nos últimos anos por um processo de integração consistente de discentes das classes populares, através de um processo social mais amplo e através de ações afirmativas beneficiando alunos oriundos da escola pública e em particular de alunos afrodescendentes (e indígenas em certas áreas da universidade).
O grande sucesso de uma das canções de seu álbum de 1969, a canção “Pequeno Burguês”, é uma crônica fina e perspicaz da brecha ambígua surgida então para indivíduos das classes populares terem acesso à universidade particular.
Tratava-se nesta canção da análise de algumas das consequências do processo social desencadeado pelas autoridades do regime militar de absorverem os chamados “excedentes” dos vestibulares das universidades públicas – questão que estava no centro do mal-estar estudantil que desencadeou o movimento de 1968 – através do estímulo ao crescimento das universidades particulares.
Mas a canção mostrava as dificuldades de manutenção e sobrevivência desses discentes no curso universitário, decorrentes dos valores das mensalidades, do ensino noturno após o trabalho, da defasagem temporal do ciclo de vida estudantil usual que fazia frequente a necessidade de manutenção de filhos por parte destes alunos, fatores que somados dificultavam ao extremo as condições materiais de estudo desses indivíduos em busca de oportunidades de ascensão social.
A crítica irônica da canção serve profeticamente de alerta para as consequências da crise do processo de ascensão social pelo sistema escolar dos últimos anos que tanto bem vinha fazendo à vida universitária, crise provocada deliberadamente pelo ataque de um governo ilegítimo sustentado de forma irresponsável pelas elites do poder econômico e pela estreiteza pseudocientífica da parte dominante dos economistas.
A concessão do título de doutor honoris causa da UFRJ a Martinho da Vila, em decorrência de seus méritos intelectuais e culturais intrínsecos, não deixa de ser um reconhecimento da universidade pública de qualidade ao autor da canção que auto-ironizava sua difícil entrada na universidade privada. E que a UFRJ se aproprie da crítica implícita na canção e que ela sirva de mote e motivação na resistência às tentativas de desmonte da universidade pública no momento mesmo em que ela passava a incluir de forma crescente estudantes oriundos das classes populares, das maiorias dominadas e das minorias étnicas, necessários à alta qualidade universitária provocada pela simples inclusão da maior diversidade.
Parabéns à Faculdade de Letras da UFRJ pela iniciativa, parabéns a Martinho José Ferreira, Martinho da Vila, como novo doutor-honoris causa da UFRJ.
Agosto de 2017,
José Sergio Leite Lopes
(Conselheiro representando o Fórum de Ciência e Cultura)
Nos dias 23 e 24 de outubro, o sociólogo e filósofo italiano Maurizio Lazzarato esteve presente em ciclo de debates organizado pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos em parceria com o PPGSA-UFRJ, o Departamento de Sociologia e Metodologia da UFF e o PPGS-UFF. As sessões trataram das questões do desmonte do Estado de Bem-Estar Social e da relação entre governança e dívida pública.
No CBAE foi realizada a atividade “Atualidade do neoliberalismo e o desmonte do Estado de bem-estar social” no dia 24, com a presença das professoras Lena Lavinas e Tatiana Roque como debatedoras. A outra atividade do ciclo aconteceu no dia 23, no ICHF/UFF e teve como tema “Governar pela Dívida ou a Fábrica do Homem Endividado”.
Lazzaroto é pesquisador da CNRS – Universidade Paris I e membro da Escola Internacional de Filosofia. Também é fundador e integrante do conselho editorial da revista Multitudes. Sua contribuição se concentra na ontologia do trabalho e nas temáticas capitalismo cognitivo, trabalho imaterial e movimentos pós-socialistas. É autor do livro “Signos, Máquinas, Subjetividades”.
Lavinas é doutora em Economia pela Universidade de Paris e professora do Instituto de Economia da UFRJ. Roque possui doutorado em História das Ciências e da Técnica e Epistemologia e é professora do Programa de Pós-Graduação em Filosofia.
No dia 06 de outubro, o CBAE recebeu o sociólogo Christian Laval e o filósofo Pierre Dardot para o lançamento do livro “Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI”. O evento integrou o ciclo de debates “Impasses e alternativas do presente”, organizado pelo Departamento de Sociologia e Metodologia em Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense (UFF), com o Programa de Sociologia e Antropologia do IFCS (PPGSA/UFRJ), junto com a Associação dos Docentes da UFRJ (Adufrj – SSind) e o CBAE. Os encontros aconteceram entre os dias 06 e 09.
Christian Laval e Pierre Dardot são professores da universidade Paris-Ouest Nanterre-La Défense. Esta é a terceira obra que resulta da parceria entre os dois, precedida pelos livros “A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal” e “Marx, prénom: Karl”.
Neste dia 6, chamamos Julianna Malerba, assessora nacional da FASE (Federação dos Órgãos para Assistência Social e Educacional), socióloga especializada em planejamento regional, para intervir como debatedora que conhece de perto experiências concretas do Comum, comunidades concretas mobilizadas contra os efeitos da mineração sobre as populações locais e o meio ambiente.
Essa foi a segunda passagem de Christian Laval pelo CBAE, que realizou a palestra “” em abril de 2016 como parte do ciclo “Novas questões sociais, trabalhadores urbanos, trabalhadores rurais: história e perspectivas”. Na conversa, o francês abordou os conceitos de comum, comunidade e neoliberalismo.
Em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos realizou no dia 22 de agosto uma atividade com o objetivo de apresentar os resultados parciais da pesquisa “O Custo da Oportunidade”, feita conjuntamente por docentes, discentes e técnicos da UFRRJ e da Duke University. Este evento, que vai reunir os pesquisadores Alexandre Fortes, John French e Stephanie Reist, se segue a outro, organizado pelo CBAE em setembro do ano passado, intitulado “Avanços e desafios na expansão do ensino superior: reflexões a partir do caso da Baixada Fluminense (2016)” (ver link: https://goo.gl/iatiK4).
A atividade incluiu a projeção do vídeo que possui o mesmo título do projeto, além de apresentações orais e debate. O evento também é vinculado às iniciativas do Fórum Rio em defesa das universidades públicas e dos investimentos em Ciência e Tecnologia no país.
Atualmente pró-reitor de pós-graduação e pesquisa da UFRRJ, Alexandre Fortes é doutor em História pela UNICAMP. Sua área de pesquisa abrange a história do trabalho, história da esquerda e movimentos sociais na América Latina. Também integra a Red Latinoamericana de Historia Global.
Brasilianista, John French é doutor em história do Brasil pela Universidade Yale e professor de História na Universidade Duke. Tem interesse por temas relacionados à classe trabalhadora, escravidão, legislação, política, economia e cultura popular na América Latina. É autor dos livros “O ABC dos operários: conflitos e alianças de classe em São Paulo (1900-1950)” e “Afogados em Leis: a CLT e a cultura política dos trabalhadores brasileiros” e, desde 2005, trabalha em uma biografia do ex-presidente Lula.
Já Stephanie Reist é estudante de doutorado em Estudos Latino-Americanos na Universidade Duke, onde pesquisa a ocupação urbana no Brasil e na Colômbia. Trabalhou no Projeto Raízes Locais, um projeto comunitário gerido pela Associação Terra dos Homens, em Duque de Caxias, analisando a dinâmica centro-periferia, pertencimento, cidadania e direitos sobre a terra.
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Para fechar o ciclo “Estado, políticas sociais, movimentos sociais; história e atualidade”, José Roberto Novaes voltou ao Colégio Brasileiro de Altos Estudos na palestra “Quatro décadas de registro audiovisual dos conflitos sociais no campo”. O evento aconteceu no dia 26 de Junho.
Formado em Agronomia na USP, José Roberto Novaes concluiu diversas especializações até se tornar doutor em Ciência Econômica pela Unicamp, em 1993. Desde então, participou de mais de vinte produções audiovisuais, entre elas “Os Rurais da CUT” (1992), exibido no CBAE em sua última visita. Seus filmes abordam temas relacionados a movimentos de trabalhadores rurais e o resgate de sua memória.
No Instituto de Economia, coordena o projeto “Educação através de imagens”, que faz adaptações de pesquisas acadêmicas para documentários, distribuídos pela Editora UFRJ. Entre os temas abordados estão saúde coletiva, condições de trabalho no agronegócio e trabalho infantil. Já dentre os filmes destacam-se “Guariba, a memória em nossas mãos”, “Migrantes” e “Linha de Corte”.
O ciclo aconteceu no primeiro semestre de 2017 e foi iniciativa dos professores José Sergio Leite Lopes e Beatriz Heredia, diretor e vice-diretora do CBAE, respectivamente.
No dia 26 de junho de 2017, o CBAE recebeu o reitor da UFRJ, Roberto Leher e os pesquisadores Luiz Davidovich (Instituto de Física) e Adalberto Ramon Vieyra (Instituto de Biofísica) para a palestra “Uma Reflexão Sobre o Futuro da Universidade e a Universidade do Futuro: A Universidade que Queremos, a Universidade que o Brasil Precisa” da disciplina Ciência e Cultura e(m) Sociedade.
Acesse os documentos da disciplina: https://goo.gl/zWUKLU
No dia 23 de junho, o CBAE recebeu a antropóloga Rosana da Câmara Teixeira para a palestra “Associatividade das torcidas organizadas e políticas sociais”. O evento fez parte do ciclo “Estado, políticas sociais, movimentos sociais; história e atualidade”.
Rosana da Câmara Teixeira é doutora pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia, além do pós-doutorado em Antropologia Social, ambos pela UFRJ. Para a conclusão do mestrado, em 1998, Teixeira desenvolveu trabalho sobre as torcidas jovens dos grandes times cariocas, em que aborda a atuação dos grupos tanto em estádios quanto fora. Premiada pela Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, a dissertação resultou no livro “Os perigos da paixão – Visitando jovens torcidas cariocas”, publicado em 2002 pela editora Annablume. Em 2016, organizou a obra “A voz da arquibancada”, que reúne depoimentos de representantes da Federação das Torcidas Organizadas do RJ e, atualmente, é pesquisadora do Laboratório de Educação e Patrimônio Cultural (Laboep-UFF) e do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Esporte e Sociedade (NEPESS-UFF).
O ciclo aconteceu no primeiro semestre de 2017 e foi iniciativa dos professores José Sergio Leite Lopes e Beatriz Heredia, diretor e vice-diretora do CBAE, respectivamente.
No dia 19 de junho de 2017, a pesquisadora Debora Foguel, coordenadora do ciclo Ciência e Cultura e(m) Sociedade, realizou um grande painel com convidados jovens (empreendedores, ONGs, movimentos sociais) para falar de suas experiências para além do mundo acadêmico na atividade “Incubadora de empresa, Empresas juniores, jovens empreendedores e os que fizeram novas trajetória depois da universidade”.
Acesse os documentos da disciplina: https://goo.gl/zWUKLU