Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Como confiar na ciência na

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Foto: Eneraldo Carneiro/FCC

 “Confiar na ciência: como recuperar uma visão positiva sobre o futuro humano neste planeta?” (Tatiana Roque)

No dia 21 de outubro, a professora Tatiana Roque começou a terceira aula do módulo III do curso apresentando dados de uma pesquisa realizada em 144 países que mostra que estamos vivendo hoje uma crise de confiança na ciência. Se o percentual geral de desconfiança em relação à produção científica é de 28%, no Brasil ele chegou a 35% dos entrevistados. Além disso, ainda no país, uma em cada quatro pessoas afirmaram não se sentirem beneficiadas pelo trabalho dos cientistas. A professora afirmou, assim, que tal crise de confiança não se deve à ignorância ou falta de informação, como se poderia concluir um tanto apressadamente; ela se dá sobretudo por uma baixa percepção da contribuição da ciência para uma vida melhor, além de refletir também uma descrença generalizada na democracia e na política. Por isso, a ciência precisa pensar estratégias para reconquistar a confiança da sociedade e demonstrar que pode oferecer respostas aos problemas que enfrentamos hoje.

Tatiana demonstrou, na sequência, que a atitude das pessoas comuns diante do especialista mudou com a internet. Além disso, não se sustenta mais a imagem da ciência como prática neutra, desinteressada e universal. Nesse contexto, dúvidas a respeito de verdades científicas, como as mudanças climáticas, acabam proliferando, impulsionadas por grupos ou indivíduos adeptos do chamado negacionismo climático, o que acaba retardando a adoção de medidas para conter o aquecimento global. Para combater o negacionismo, em vez de simplesmente afirmar a autoridade da ciência, a professora sugere que os cientistas explicitem por que seus métodos são confiáveis e mostrem que a ciência é uma aliada importante na conquista de um futuro melhor.

Recorrendo a episódios da história da ciência, a professora mostrou que a legitimidade conquistada pela ciência ao longo dos últimos três séculos se deveu a seu êxito em mostrar que poderia contribuir para um mundo desejável. Para enfrentar as mudanças climáticas, esse pacto de confiança precisa ser renovado, e para isso é essencial que a ciência saiba demonstrar seu valor na construção de um futuro mais justo e inclusivo.

O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada pela professora, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di.

 

NUPPA 2019 – 3º Seminário “Capacidades Estatais e Inovação”

Programa NUPPAA 2019

Nos dias 23 e 24 de outubro, no CBAE (Av.Rui Barbosa, 762 – Flamengo) aconteceu o 3º Seminário “Capacidades Estatais e Inovação”

O evento foi uma realização do Núcleo de Políticas Públicas: Análise e Avaliação (NUPPA), do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT PPED), em associação com o INCT de Inovação em Doenças de Populações Negligenciadas (INCT IDPN) e o INCT Proprietas, com a colaboração do CBAE/UFRJ.

O 3º Seminário “Capacidades Estatais e Inovação” reuniu atores públicos e privados com atuação em análise e avaliação de políticas públicas, incluindo: professores, pesquisadores, gestores públicos governamentais, do terceiro setor, estudantes de pós-graduação e profissionais realizando pós-doutorado, no Brasil e no exterior, bem como as redes afins como a Rede Pró-Rio, e os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro e do Brasil.

 

 

 

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Mudanças climáticas: onde

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Foto: Eneraldo Carneiro/FCC

 

 “Mudanças climáticas: onde estamos e onde queremos chegar” (Joana Portugal Pereira)

No dia 14 de outubro, Joana Portugal Pereira iniciou a segunda aula do módulo III do curso apresentando os dados científicos que evidenciam as mudanças antropogênicas no clima. Ela mostrou também os países e setores da economia mais poluentes, lembrando que o aquecimento global não se trata de um problema futuro: já estamos sentindo os perigosos efeitos de um planeta mais quente, como a maior incidência de eventos extremos, perda de vegetação, insegurança alimentar e doenças, entre outras consequências.

Na sequência, a professora explicou que, para evitar o agravamento dessa situação, é preciso manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5ºC estabelecido no Acordo de Paris, o que demanda esforços de redução de emissões muito mais ousados que os estabelecidos voluntariamente pelos países signatários. Isso porque, se mantivermos a trajetória de emissões atuais, o planeta provavelmente aquecerá mais de 3ºC até 2100, situação em que estaremos sujeitos a problemas socioambientais dramáticos (sobretudo as populações mais pobres e vulneráveis).

Joana, por fim, apresentou as propostas atuais para estabilizar a temperatura global, com base nos cenários projetados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), explicando também as estratégias mais discutidas para alcançar tal objetivo. Entre elas, se destacam a expansão das energias renováveis e as tecnologias de produção de bioenergia com armazenamento e captura de carbono (mais conhecidas por sua sigla em inglês, BECCS). Além disso, outras medidas eficazes na redução das emissões de CO2 já podem ser implementadas imediatamente, como escolhas mais conscientes em termos de mobilidade e alimentação – por exemplo, não usar o carro uma vez na semana e reduzir o consumo de carne e derivados do leite.

O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada pela professora, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di.

 

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Custos socioeconômicos de

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Foto: Eneraldo Carneiro/FCC

 

“Custos socioeconômicos de desastres e mudanças climáticas” (Carlos Eduardo Frickmann Young)

Na primeira aula do módulo III do curso, realizada em 7 de outubro, Carlos Eduardo Young começou sua exposição explicando que os desastres climáticos já são uma realidade também no Brasil. Diversos estudos vêm apontando a maior incidência de eventos extremos (como chuvas fortes e secas) nos últimos anos e sua correlação com os desastres mais recentes. O professor exibiu um mapa elaborado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostrando os problemas climáticos determinantes dos desastres mais recorrentes em cada bioma brasileiro. Por exemplo, os desastres na Caatinga estão mais relacionados à seca e à estiagem, enquanto na Mata Atlântica predominam aqueles causados por chuvas fortes e inundações (como deslizamentos de terra).

Em seguida, Carlos Eduardo mostrou que os desastres são também um problema econômico. O “Relatório de Danos Materiais e Prejuízos decorrentes de Desastres Naturais no Brasil – 1995-2014”, publicado pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED UFSC) em 2016, indica que naquele período foram registradas quase 23 mil ocorrências de danos materiais e prejuízos econômicos relacionados a desastres naturais no Brasil, que totalizaram quase R$ 183 bilhões. Somente os danos e prejuízos decorrentes de desastres climáticos (relacionados a secas e estiagem) somaram no período quase R$ 100 bilhões de reais.

Na sequência, o professor falou da importância das metodologias de valoração ambiental para o dimensionamento dos problemas ecológicos e a priorização das decisões para tratá-los. E terminou sua apresentação lembrando que os desastres não são tão naturais assim: muitos deles poderiam ser evitados com políticas públicas voltadas à prevenção de sua ocorrência (como obras de contenção de encostas, planos de reassentamento de populações vulneráveis e ações para a segurança energética, hídrica e alimentar, entre outras). As políticas públicas são determinantes para reduzir a probabilidade de que fenômenos naturais se convertam em desastres, e é possível fazer escolhas políticas e econômicas que conjuguem a promoção do bem-estar social e da justiça ambiental com o necessário enfrentamento das mudanças climáticas.

O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada pelo professor, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di.

 

Travessias: Padres Europeus no Nordeste do Brasil

27 SET – SEX – 17H

Roda de Conversa e lançamento dos livros “Travessias: Padres Europeus no Nordeste do Brasil” e “Trabalho Escravo Contemporâneo: Tempo Presente e Usos do Passado”.

Estiveram presentes no debate, os autores Antônio Torres Montenegro (UFPE), Ângela de Castro Gomes (UFF), Regina Beatriz Guimarães Neto (UFPE).

Onde?  [Presencial] Colégio Brasileiro de Altos Estudos, prédio sede, Av. Rui Barbosa 762

Lançamento dos livros “Travessias” e “Trabalho Escravo Contemporâneo”

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No dia 27 de setembro, sexta-feira, foi realizado no CBAE o lançamento dos livros “Travessias: Padres Europeus no Nordeste do Brasil” e “Trabalho Escravo Contemporâneo: Tempo Presente e Usos do Passado”, seguido de roda de conversas.

Para discutir sobre as obras, respectivamente, estiveram presentes: Antonio Torres Montenegro (UFPE), autor de “Travessias”, Daniel Aarão Reis e Regina Novaes; e Ângela de Castro Gomes (UFF) e Regina Beatriz Guimarães Neto (UFPE), autoras de “Trabalho Escravo Contemporâneo”, Dulce Pandolfi e José Sérgio Leite Lopes.

 

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Mudanças Climáticas: a

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Foto: Eneraldo Carneiro/FCC

 

“Mudanças climáticas: a perspectiva da ecologia de águas interiores em um mundo em transformação” (Vera Huszar)

A terceira aula do módulo II do curso, realizada em 23 de setembro, foi ministrada por Vera Huszar, especialista em ecologia aquática, macroecologia e balanço de carbono. A professora do Museu Nacional começou sua exposição apresentando definições importantes no campo da ecologia, como as noções de população, comunidade e ecossistema, além de retomar alguns aspectos importantes da dinâmica do clima.

Em seguida, Vera mostrou de que maneira os ecossistemas aquáticos participam dos ciclos biogeoquímicos da Terra, com foco sobretudo nos processos ocorridos nas águas interiores (mares fechados, lagos e rios). Se, de um modo geral, os impactos mais significativos das mudanças climáticas nos mares e oceanos dizem respeito à perda de biodiversidade marinha, devido a processos como a acidificação dos oceanos e o branqueamento dos corais, nas águas interiores o maior perigo está no aumento da população de cianobactérias, algumas das quais produzem toxinas altamente prejudiciais à saúde humana. Tais populações têm crescido sobremaneira nos últimos anos, devido à sua impressionante capacidade de adaptação e à maior disponibilidade de nutrientes – principalmente de nitrogênio e potássio, presentes nos fertilizantes agrícolas e nos dejetos dos grandes centros urbanos, que atingem os corpos hídricos.

A especialista lembrou que a noção de “desastre” se refere a eventos que geram danos capazes de alterar o funcionamento social. Nesse sentido, dois graves desastres registrados no nordeste brasileiro, região com grande incidência de cianobactérias nos reservatórios de água, mostram o perigo da contaminação causada por cianotoxinas. O primeiro deles aconteceu na cidade de Itaparica, Bahia, em 1988, quando o consumo de água contaminada causou a morte de 86 pessoas e provocou a intoxicação de mais 200. O segundo, por sua vez, ocorreu em Caruaru, cidade do agreste pernambucano, em 1996, ocasionando a morte de 76 pessoas; a toxina produzida pelas cianobactérias foi encontrada nas amostras da água que aquelas pessoas haviam consumido. Depois dos episódios, o monitoramento das cianobactérias nos reservatórios passou a ser exigido na legislação sobre potabilidade da água. Mais recentemente, ainda, estudos apontaram que as cianotoxinas podem ter agravado os surtos de microcefalia decorrentes de infecção pelo vírus da zika.

Vera concluiu sua exposição afirmando que, para além da urgente necessidade de frear o aquecimento global, o aumento das populações de cianobactérias deve ser contido por medidas efetivas de saneamento e combate à poluição, além da restrição do uso de fertilizantes agrícolas. Ela salientou também a importância de haver mais investimentos em pesquisa e monitoramento, essenciais para a compreensão dos reais efeitos das mudanças climáticas sobre os diversos meios hídricos.

O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada pela professora, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di.

Ciclo Desastres e Mudanças Climáticas | Mineração e conflito

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Foto: Eneraldo Carneiro/ FCC
 
“Mineração e conflito ambiental: uma estória sobre dois desastres” (Rodrigo Santos)
 
A segunda aula do módulo II do curso, realizada no dia 16 de setembro, foi ministrada por Rodrigo Santos, professor do Departamento de Sociologia e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia da UFRJ.

Com abordagem mais concentrada no problema dos desastres que no das mudanças climáticas, Rodrigo apresentou um panorama da atividade da indústria mineradora no Brasil e no mundo, tratando dos processos de extração, comercialização e consumo sobretudo do ferro e da bauxita, minérios largamente explorados no Brasil. O professor explicou que, com o aumento exponencial da demanda por minérios pela China, nos idos de 2003, a indústria mineradora viu sua rentabilidade aumentar vertiginosamente; e mesmo com o arrefecimento na demanda causado pela crise mundial de 2008, essa atividade continua ainda hoje sendo bastante lucrativa.

Porém, a mineração gera impactos socioambientais os mais diversos e nocivos, tanto no que diz respeito aos processos de extração quanto à logística de transporte e mesmo ao uso dos minérios em usinas siderúrgicas e metalúrgicas – impactos esses que as indústrias não reportam em sua totalidade. Além disso, para manter o patamar dos altos lucros dos anos 2000, empresas como a Vale e a Samarco terminaram por negligenciar alguns aspectos fundamentais relacionados a segurança e manutenção de suas instalações, sobretudo as barragens de rejeitos; é nessa negligência que podemos encontrar as condições para ocorrência dos rompimentos das barragens em Mariana e Brumadinho, causando desastres socioambientais sem precedentes na história do Brasil.
O material de apoio dessa aula, assim como a bibliografia recomendada pelo professor, estão disponíveis em: https://bit.ly/2H9J8Di

UFRJ faz 100 anos

12 SET – QUI – 18H

Evento: “UFRJ faz cem anos” Lançamento das comemorações dos 100 anos da UFRJ e a celebração dos 15 anos do Colégio Brasileiro de Altos Estudos.

Contou com a participação da Reitora Denise Pires de Carvalho, da Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura Tatiana Roque, da Diretora do CBAE Ana Célia Castro, do ex-Ministro do Planejamento e da Fazenda Nelson Barbosa, da professora do PPGSA/UFRJ e membro da Associação Brasileira de Ciências, Elisa Reis e do professor titular e diretor adjunto de pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas e membro da ABC, Stevens Rehen.

Lançamento das comemorações dos 100 anos da UFRJ e 15 anos do Colégio

 

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Fotos: Eneraldo Carneiro/FCC

 

Na quinta-feira, dia 12 de setembro às 18h, foi realizado no Salão do CBAE o lançamento das comemorações dos 100 anos da UFRJ e a celebração dos 15 anos do Colégio Brasileiro de Altos Estudos.

A Reitora Denise Pires de Carvalho e a Coordenadora do Fórum de Ciência e Cultura Tatiana Roque fizeram o lançamento das comemorações do centenário, apontando as atividades e reflexões necessárias para recuperarmos a memória da universidade, fazermos um balanço dos desafios do presente e projetarmos o papel que queremos ter no futuro do país.

 

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A comemoração dos 15 anos do CBAE foi apresentada pela Diretora Ana Célia Castro, que moderou a mesa “Novos Paradigmas”, com a participação de Nelson Barbosa, Elisa Reis e Stevens Rehen. Nelson Barbosa, ex-Ministro do Planejamento e da Fazenda entre 2015 e 2016, falou sobre “O novo Pacto Verde” relacionando as atuais questões ambientais com perspectivas da economia. Elisa Reis, Professora do PPGSA/UFRJ e membro da Associação Brasileira de Ciências, discorreu sobre “As Ciências Sociais e o desafio de pautar o progresso”. Stevens Rehen, professor titular e diretor adjunto de pesquisa do Instituto de Ciências Biomédicas e membro da ABC abordou “As reflexões de um cientista brasileiro sobre a necessidade de se reinventar”.

 

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Para saber mais sobre o evento, acesse: https://bit.ly/2kHkPVs