“O livro ‘Quem dará o Golpe no Brasil’ 54 anos depois visto de hoje”

 

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A atividade inaugural do Colégio Brasileiro de Altos Estudos do ano de 2016 foi marcada pela lembrança de um livro feito em 1962 que fazia uma análise de conjuntura que apontava quais seriam os responsáveis de um possível golpe de Estado. Wanderley Guilherme dos Santos, cientista político e autor de “Quem dará o golpe no Brasil?”, falou sobre o livro e fez uma comparação entre o período pré-ditatorial e a conjuntura pré-impeachment de Dilma Rousseff. A historiadora Dulce Pandolfi compôs a mesa do debate.

Realizada em 13 de abril de 2016, “O livro ‘Quem dará o golpe no Brasil?’ 54 anos depois visto de hoje” tinha como principal objetivo revisitar os anos 60. Através da lembrança das considerações de Guilherme dos Santos, em 1962 – quando ele tinha 27 anos -, poderia também se discutir a complicada situação do ano de 2016.

Wanderley Guilherme dos Santos é graduado em filosofia pela UFRJ e doutor em ciência política pela Universidade Stanford (EUA) e seus estudos se direcionam para a temática da Teoria da Democracia. Por conta de trabalhos como o precoce livro de 1962, é considerado um dos maiores especialistas brasileiros na área.

Na palestra, o pesquisador começou fazendo uma comparação entre a situação política do Brasil pré-impeachment com o pré-ditadura. Naquela altura, evitou fazer prognósticos, como fez em “Quem dará o golpe no Brasil?”, ressaltando a imprevisibilidade. No entanto, fez uma análise conjuntural do momento em que o país vivia.

Destacou, inicialmente, dois pontos divergentes entre os períodos: o primeiro ponto foi a ausência de um envolvimento partidário militar no processo de impedimento de Dilma, já o segundo era relativo a falta de uma base política representativa contrária ao golpe militar. Segundo Wanderley, “a sociedade, majoritariamente, não estava compartilhando dos conflitos e a consequência foi que em 48 horas se deu um golpe de Estado sem nenhuma reação significativa”. Em comparação com a sociedade civil do início dos anos 60, a atual apresenta uma complexa rede de associações de todos os tipos que cresceu desde os anos 80 e que, segundo ele, certamente tornará a luta contra o golpe de 2016 mais renhida, espalhada e imprevisível.

Ao focar no Brasil mais recente, o pesquisador afirmou que Dilma assumiu o governo já com grandes desafios desestabilizadores. A escassez de recursos e o desencadeamento do conflito distributivo davam o tom e, para isso, foram seguidas duas estratégias divergentes: expansão das políticas sociais e medidas de austeridade. Junto a isso, a falta de habilidade política da presidenta e a eleição daquela que Wanderley considerou “uma das mais medíocres e corruptas” Câmara de Deputados da história do Brasil.

Dulce Pandolfi, doutora em História pela UFF, foi convidada como debatedora do evento e levantou questões acerca da publicação de 62. Pandolfi lembrou que dos Santos estava certo de que aconteceria um golpe, ainda que parte da esquerda brasileira não acreditasse. A doutora destaca, principalmente, a aposta do autor de que seriam os movimentos sociais que lutariam pela redemocratização do país. Pandolfi concluiu questionando: e dessa vez, haverá luta caso haja golpe?

Apesar do otimismo que Wanderley dizia conservar, cerca de um mês depois, o processo de Impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff seria aberto e, no dia 29 de agosto de 2016, ela seria definitivamente afastada. Com algumas atitudes do governo Temer, disse, em entrevista ao portal Sul21, que o considerava pior que os golpistas militares.

 

 

“Música e Política” com Franklin Martins

 

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O CBAE recebeu, no dia 9 de novembro de 2015, o jornalista Franklin Martins para a palestra “Música e Política”. No evento, foi discutido o livro “Quem foi que inventou o Brasil?”, lançado naquele ano.

Franklin Martins foi, durante muitos anos, um dos principais comentaristas políticos da imprensa brasileira, tendo trabalhado em alguns dos mais importantes órgãos de comunicação do país. Ocupou o cargo de ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, durante o segundo mandato do presidente Lula.

Durante a ditadura, participou do movimento estudantil e integrou Movimento Revolucionário 8 de Outubro. Além disso, editou vários jornais e revistas de resistência no Brasil e no exterior.

O livro que motivou a palestra  reúne mais mil canções que, segundo o autor, “contam a história da República”.  No encontro, o jornalista analisou a letra de algumas faixas e discutiu a relação da música com o processo histórico brasileiro, resultado de 18 anos de pesquisas.

 

 

Encontro Semba Samba

 

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Entre os dias 04 e 06 de novembro de 2015, foi realizado o primeiro Encontro Semba Samba, com a participação de personalidades brasileiras e angolanas. Estiveram presentes pesquisadores, acadêmicos, artistas, jornalistas e estudantes interessados pela circulação cultural (e econômica) entre Brasil e Angola.

Ao denominar o evento Semba Samba, duas músicas populares emblemáticas  em Angola e no Brasil, a ambição foi de ampliar a reflexão sobre a circulação de música, e cultura, entre o Brasil e o continente africano, com um foco especial nos países de língua oficial portuguesa. O encontro não buscava de silenciar sobre outras músicas que fazem parte da construção de suas musicalidades híbridas ou que delas derivam, ou se inspiram. As reflexões sobre as manifestações musicais da contemporaneidade africana e afrodescendente também faziam parte da proposta.

Para mais informações do evento, acesse o site http://sembasamba.com.br/2015/.

 

“Ser piloto de helicóptero em São Paulo” com Christian Azaïs

 

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O CBAE recebeu o sociólogo francês Christian Azaïs no dia 1º de outubro de 2015 para a palestra “Ser piloto de helicóptero em São Paulo: os desafios de uma profissão”. Na conversa, o pesquisador criticou a flexibilização dos contratos dos profissionais da área, tendo em vista a qualificação necessária para tal função.

Azaïs é professor da Faculdade de Economia e Administração de Empresas em Amiens (França), pesquisador da Universidade Paris Dauphine e participa do Programa Cátedras Francesas da UERJ.

 

 

Ciclo “Universidade, inclusão e luta contra a desigualdade:

 

 

Durante os dias 23, 24 e 25 de novembro, o CBAE recebeu o ciclo “Universidade, inclusão social e luta contra a desigualdade”. Em parceria com o PPGAS/Museu Nacional, o evento buscou destacar as contribuições que o programa trouxe para os estudos da antropologia social.

Divididos em 6 mesas temáticas, o evento reuniu diversos pesquisadores da instituição.

Mesa de abertura – Antropologia e ciências sociais e humanas na formação da nação: Antonio Carlos de Souza Lima (Professor PPGAS/MN e presidente da ABA), Otávio Velho (Professor Emérito PPGAS/MN e presidente de honra da SBPC),  Roberto Leher (Reitor) e José Sergio Leite Lopes (diretor do CBAE).

Mesa 1 – Universidade e ações afirmativas: Marcio Goldman, Gabriel Banaggia, Anderson Pereira e Nelly Duarte.

Mesa 2 – Movimentos sociais: José Sérgio Leite Lopes, Moacir Palmeira, John Comerford e André Dumas Guedes.

Mesa 3 – Etnografias em contextos de ‘violências’: engajamento, afeto e produção de conhecimento: Adriana Facina, Adriana Vianna, Dibe Ayoub, Federeico Neiburg e  Tonico Benites.

Mesa 4 – Exposições, traduções e material didático: João Pacheco de Oliveira, Marília Facó Soares, Bruna Franchetto e Edmundo Pereira.

Mesa 5  – Arte indígena e escrita sobre si: Olívia Gomes da Cunha, Thiago Oliveira, Luisa Elvira Belaunde e Eduardo Viveiros de Castro.

Mesa 6 – Universidade, inclusão e diversidade: Maria Elvira Díaz Benítez, Luiz Fernando Dias Duarte, Giralda Syferth, Renata Menezes e Cristina Vital (UFF).

O ciclo contou com apoio da Fundação Ford.

 

“A negociação da intimidade” com Viviana Zelizer

 

Viviana Zelizer

 

No dia 8 de setembro de 2015, o CBAE, em parceria com o Núcleo de Pesquisas em Cultura e Economia (NuCEC/UFRJ), recebeu a socióloga Viviana Zelizer para a palestra “A negociação da intimidade”. A conversa teve como base o livro lançado pela pesquisadora em 2011 com o mesmo nome. Para o debate, estiveram presentes Nadya Guimarães e Federico Neiburg.

Zelizer integra o Departamento de Sociologia da Universidade de Princeton e estuda as relações entre os aspectos econômicos e as relações interpessoais, discordando da ideia de uma dicotomia entre social e econômico. No livro, o foco foram os relacionamentos mais íntimos, mas, no evento, a pesquisadora foi além da intimidade na análise e mostrou que esses aspectos “sustentam” as trocas sociais.

Guimarães é doutora em sociologia pela Universidad Nacional Autónoma de México e é professora do Departamento de Sociologia da USP. Já Neiburg possui doutorado em antropologia social pelo PPGAS/MN e também é professor na instituição.

 

 

Debate “O exílio operário brasileiro (1964-1985)”

 

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O livro “O Exílio Operário Brasileiro”, que registra a história de brasileiros da classe trabalhadora que foram expatriados durante a ditadura e como eles se reinventaram nos novos países, da jornalista e pesquisadora Mazé Torquato Chotil, foi tema de debate no dia 21 de agosto de 2015 no Colégio Brasileiro de Altos Estudos. Além da autora, estiveram presentes os professores Afrânio Garcia Jr., Dulce Pandolfi e Daniel Aarão Reis.

Torquato Chotil possui doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação pela Universidade de Paris VIII e é pesquisadora da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), em Paris. Também faz parte do Instituto Cultural Alter Brasilis, que tem como objetivo a promoção da cultura brasileira em Paris.

Afrânio Garcia Jr. é economista com doutorado em Antropologia Social pela UFRJ, professor da EHESS e pesquisador associado ao CBAE. Outra integrante da mesa, Dulce Pandolfi é doutora em História pela Universidade Federal Fluminense e pesquisadora vinculada do CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas. Já Daniel Aarão Reis é doutor em História pela USP, professor da UFF e ex-integrante de movimentos de resistência armada durante a ditadura.

O evento foi realizado com o apoio da Comissão da Memória e da Verdade da UFRJ.

 

 

“As traduções na Europa moderna”, com Roger Chartier

 

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No dia 17 de agosto de 2015, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos recebeu o historiador francês Roger Chartier para a conferência “As traduções na Europa moderna (séculos XVI-XVIII). Mobilidade dos textos e horizontes de expectativas: alguns exemplos”.

Professor do Collège de France e da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS), Chartier é especialista em História dos Livros e da Leitura da Europa. A atividade foi organizada em colaboração com o Laboratório de Pesquisa em História das Práticas Letradas e com o apoio do Programa de Pós-graduação em História Social da UFRJ.

 

 

Debate “Conflitos, visibilidades e territórios: a participação social

 

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No dia 19 de Junho de 2015, aconteceu o debate “Conflitos, visibilidades e territórios: a participação social na perspectiva dos povos e comunidades tradicionais” entre Alfredo Wagner de Almeida, André Dumans Guedes e José Carlos Matos, no CBAE.

Doutor em Antropologia Social pela UFRJ, Wagner é coordenador do projeto Nova Cartografia Social da Amazônia (PNCSA), da Universidade Estadual do Amazonas. O PNSCA incentiva a realização da autocartografia, como forma de entender o processo de ocupação da região. Desta forma, fortalece movimentos sociais e atua na formação de novos pesquisadores e de lideranças para esses movimentos.

Guedes também possui doutorado em Antropologia Social pela UFRJ e é professor do Departamento de Sociologia e Metodologia das Ciências Sociais da UFF. Já Matos é doutor em Ciências Sociais pela UERJ e pesquisador ligado ao Museu Nacional. Os dois integraram o projeto Movimentos Sociais e Esfera Pública na área de comunidades tradicionais e foram responsáveis pelo capítulo no livro acerca do tema, juntamente com Marcelo Moura Mello.

 

“Segregação e desigualdades urbanas” com Edmond Preteceille

 

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O sociólogo Edmond Preteceille esteve presente no CBAE no dia 2 de junho de 2015 para a palestra “Segregação e desigualdades urbanas: comparando as estruturas sociais e a segregação em Paris, no Rio de Janeiro e em São Paulo”. O tema do encontro foi a exclusão social e a noção de “cidades partidas”.

Preteceille é formado em engenharia, mas direciona suas pesquisas na área da sociologia urbana. Atualmente, é  professor emérito da Sciences Po-Paris e diretor de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).

Na conversa, o pesquisador expôs sua análise sobre as desigualdades presentes em grandes cidades e fez uma comparação entre Rio de Janeiro e São Paulo com Paris. Para ele, as metrópoles brasileiras têm um grau moderado de exclusão – o que não pode ser considerado positivo.

O evento teve apoio do programa de Cátedras Francesas da UERJ, que Preteceille fazia parte.